A saúde bucal no contexto da prevenção de absenteísmo e presenteísmo no trabalho / Oral health in the context of prevention of absenteeism and presenteeism in the workplace

RESUMO

A saúde bucal é um importante fator de morbidade humana mundial, mas frequentemente negligenciada em saúde ocupacional, apesar do impacto direto na qualidade de vida e na saúde do trabalhador. O objetivo deste artigo foi discutir o papel da saúde bucal como fator de absenteísmo e presenteísmo e nos processos de desenvolvimento e eficiência laboral por parte de governos, empresas e pelos próprios trabalhadores. Realizou-se revisão da literatura com artigos na íntegra, em inglês ou português, dos últimos 10 anos, nas bases científicas relacionando-se os temas saúde bucal, saúde ocupacional, absenteísmo e presenteísmo. Doenças bucais variaram como causas de absenteísmo entre 9 e 27%, mas de 28 a 50% como de presenteísmo. Dores dentárias e de ATM são as causas mais comuns. Entre 9 e 56% dos trabalhadores buscaram tratamentos em rede pública, e de 40 a 45%, em rede privada. Nas empresas que oferecem atendimento odontológico, 49% dos funcionários optaram pelo ambulatório da empresa, contra 40% da rede pública e 11% de outros tipos. A elevada prevalência de doenças bucais e de dor orofacial não é causa de elevados índices de absenteísmo, mas principalmente de presenteísmo. O trabalhador não se afasta, trabalha de forma deficitária e com propensão a maiores adoecimentos futuros. A saúde bucal tem importância não dissociada da saúde geral e ocupacional e, como tal, precisa ser incentivada e acompanhada de forma integrada. Políticas públicas e ações do setor privado efetivas e abrangentes na promoção e prevenção em saúde bucal no ambiente laboral podem ofertar melhor qualidade de vida aos trabalhadores.

ABSTRACT

Background: Oral health is an important factor of human morbidity worldwide. Yet is often neglected in occupational health despite its direct impact on the quality of life and health of workers. Objective: To discuss the role of oral health in sickness absence and presenteeism, as well as in development and work efficiency improvement processes involving governments, companies and the workers themselves. Methods: Review of full-text articles on oral health, occupational health, sickness absence and presenteeism published in English or Portuguese in the last 10 years and included in scientific databases. Results: Oral problems accounted for 9 to 27% cases of sickness absence and 28 to 50% of presenteeism, with toothache and temporomandibular joint pain as the most frequent reasons. About 50% of workers prefer company-provided dental care, while 40% visit public and 10% other types of facilities. Despite high, the prevalence of oral diseases and orofacial pain was not associated with high rates of absenteeism, but mainly with presenteeism, this is to say, workers do not tend to miss work days, but their performance is reduced and become susceptible to more serious health problems in the future. Conclusion: Oral health is not dissociated from general and occupational health, and as such it must be enhanced and duly promoted in an integrated manner. Effective and comprehensive oral health promotion and prevention public policies and private sector actions in the workplace can enhance the quality of life of workers.