Orfaos de pais vivos: a lepra e as instituicoes preventoriais no Brasil: estigmas, preconceitos e segregacao / ?

RESUMO

As atitudes de horror e preconceito, mescladas as acoes caritativas e filantropicas que envolvem o doente de lepra ao longo do processo historico, em especial no Brasil do inicio do seculo XX, e que se expressavam, principalmente, atraves da Campanha contra a Lepra, empreendida no final dos anos 30, sao recuperadas historicamente neste trabalho. A partir da analise desta Campanha higienista, evidenciaram-se os mecanismos de triagem, controle e policiamento do cotidiano tanto do doente quanto de sua familia, assim como a consolidacao dos espacos segregacionistas e profilaticos destinados aos doentes - Colonias - e a seus filhos sadios - Preventorios -, constituindo-se, estes ultimos, no principal objeto desta dissertacao. Penetrando no interior da instituicao preventorial, relatamos sua constituicao fisica, seus objetivos, seu funcionamento, sua politica educativa e disciplinarizadora, assim como a relacao estabelecida entre crianca/familia e entre crianca/sociedade. Buscamos, atraves das historias de vida, perceber tambem os anseios, sentimentos e reacoes das criancas (hoje egressos), com relacao a instituicao - aceitacao/resistencia e com relacao a sociedade - integracao/rejeicao social. Neste sentido, evidenciou-se a pratica higienica/eugenica desenvolvida no contexto historico brasileiro dos anos 30/40, comprovando o imbricamento do publico e do privado na estrategia politica de normatizacao do social