Identificação e perfil de sensibilidade de aspergillus spp. presente no ar atmosférico / Identification and sensitivity profile of aspergillus spp. present in atmospheric air

RESUMO

Aspergillus spp. são fungos saprófitos distribuídos mundialmente, sendo agentes de aspergilose, micose causada por via aérea. Em meio ambiente agrícola, fungos podem estar expostos a compostos azólicos usados como agrotóxicos e sofrerem pressão seletiva para surgimento de cepas resistentes. Se inaladas, principalmente, por indivíduos imunosuprimidos, tais cepas podem desencadear infecção refratária a tratamentos com fármacos da mesma classe química, como itraconazol e voriconazol. A busca da resistência ambiental contribui para o desvendamento da epidemiologia molecular da aspergilose. O objetivo deste estudo foi identificar as espécies de Aspergillus e determinar os respectivos perfis de sensibilidade a azóis, fármacos e fungicidas agrícolas, de amostras de regiões de cinco estados do Brasil. Foram estudados 128 isolados de Aspergillus spp., provenientes de 114 amostras de ar atmosférico. Os isolados foram classificados em seções e sequenciados para identificação da espécie. As seções mais frequentes foram Nigri (50,8%), Flavi (29,7%), Circumdati (9,3%), além de Fumigati, Clavati, Terrei, Restricti e Nidulantes. Valores altos de concentração inibitória mínima (MIC), situados acima dos pontos de corte epidemiológicos (ECOFF) que caracterizam isolados não-selvagens para itraconazol e posaconazol, foram observados para um isolado da seção Nigri, identificado como Aspergillus welwitschiae. Para seção Restricti (n=2), apesar de não haver ECOFF, os valores de MIC foram mais elevados para posaconazol, voriconazol, itraconazol, anfotericina B e para o fungicida agrícola difenoconazol, quando comparados às demais seções. Para isolados das seções Flavi, Circumdati e Clavati, foram encontrados valores altos de MIC dos agrotóxicos tebuconazol e metconazol. Não foi constatada ocorrência de resistência cruzada a mais de...(AU)

ABSTRACT

Aspergillus spp. are saprophytic fungi distributed worldwide, being agents of aspergillosis, a mycosis caused by the airborne route. In an agricultural environment, fungi may be exposed to azole compounds used as pesticides and undergo selective pressure for the emergence of resistant strains. If inhaled, mainly by immunosuppressed individuals, these strains can trigger an infection that is refractory to treatments with drugs of the same chemical class, such as itraconazole and voriconazole. The search for environmental resistance contributes to the unveiling of the molecular epidemiology of aspergillosis. The aim of this study was to identify Aspergillus species and determine the respective profiles of sensitivity to azoles, pharmaceuticals and agricultural fungicides, from samples isolated from regions of five states of Brazil A total of 128 Aspergillus spp. isolates from 114 atmospheric air samples were studied. The isolates were classified into sections and sequenced to identify the species. The most frequent sections were Nigri (50.8%), Flavi (29.7%), Circumdati (9.3%), in addition to Fumigati, Clavati, Terrei, Restricti and Nidulantes. High values of minimum inhibitory concentration (MIC) above the epidemiological cut-off points (ECOFF), characterizing non-wild isolates, for itraconazole and posaconazole, were observed for an isolate from the Nigri section, identified as Aspergillus welwitschiae. For the Restricti section (n=2), despite the absence of ECOFF, the MIC were higher for posaconazole, voriconazole, itraconazole, amphotericin B and for agricultural fungicide difenoconazole, when compared to the other sections. For isolates from Flavi, Circumdati, and Clavati sections, high MIC values of the pesticides tebuconazole and metconazole were found. Cross-resistance to more than one azole drug was not found. It is concluded that in the atmospheric air of the cities of Itu, São Paulo, Azenha, and Porto Alegre there are non-wild isolates with the possibility of presenting resistance mechanisms. Complementary studies to this one, using gene sequencing methods, are necessary to elucidate the underlying possible resistance mechanism of mutation. This is the first study in Brazil to demonstrate non-wild isolates from urban atmospheric air, harboring possible mechanisms of environmental resistance. (AU)