Estudo sobre a prevalência de doença carotídea detectada por ultrassonografia nos casos de AVC isquêmico de um hospital público de Santa Catarina / Study on the prevalence of carotid artery disease detected by ultrasonography in cases of ischemic stroke at a public hospital in Santa Catarina

RESUMO

Fundamento Acidentes Vasculares Cerebrais Isquêmicos (AVCi) representam significativa parcela dentre as causas da morbimortalidade mundial. Estenose das artérias carótidas e vertebrais são consideradas fator de risco para tal desfecho. A Ultrassonografia com Doppler (USG Doppler) das artérias extracranianas pode ser útil na identificação de pacientes com estenose significativa por ser um método inócuo e acessível. Objetivos: avaliar a prevalência de estenose nas artérias extracranianas diagnosticadas através do estudo com USG Doppler e a prevalência de fatores associados em pacientes com quadro de AVCi. Métodos: Trata-se de estudo retrospectivo, transversal, a partir da análise de prontuários dos pacientes internados com quadro de AVCi no Hospital Regional de São José, Santa Catarina, Brasil. O estudo ocorreu entre janeiro de 2020 e dezembro de 2021. A análise ultrassonográfica foi realizada por médicos radiologistas habilitados, a partir do uso de aparelho validado (GE Logic P9 com transdutor linear multifrequencial 6-15MHz). Resultados: Dentre os 239 pacientes incluídos, destaca-se a significativa prevalência de comorbidades associadas ao AVCi, como hipertensão arterial sistêmica (78,2%) e tabagismo (40,6%). A distribuição entre os sexos foi homogênea (58,2 versus 41,8%) e 70,3% dos pacientes possuíam idade superior a 60 anos de idade. A taxa de pacientes com alterações hemodinamicamente significativas (estenose >50% da luz do vaso) das artérias carótidas e vertebrais foi de 29,2%. O tabagismo foi o único fator de risco que se correlacionou estatisticamente com a ocorrência de AVCi decorrente do acometimento das artérias carótidas ou vertebrais (RP 1,708; IC 1,057-2,761; p=0,028). Conclusão: O USG com Doppler das artérias extracranianas é ferramenta útil na investigação dos casos de AVCi, visto que a prevalência de doença significativa dos grandes vasos extracranianos (estenose>50%) se aproxima de 30%.

ABSTRACT

Background: Ischemic Strokes represent a sizable portion among the causes of morbidity and mortality worldwide. Stenosis of the carotid and vertebral arteries represent a risk factor to this outcome. Ultrasonography with Doppler of the extracranial arteries can be useful in identifying patients with significant stenosis because it is a harmless and accessible method. Objectives: To assess the prevalence of stenosis in the extracranial arteries diagnosed through Doppler ultrasound examination and the prevalence of associated factors in patients with ischemic stroke Methods: This is a retrospective, cross-sectional study based on the analysis of medical records of patients admitted with ischemic stroke at the Regional Hospital of São José, Santa Catarina, Brazil. The study was conducted between January 2020 and December 2021. Ultrasonographic analysis was performed by qualified radiologists, using a validated device (GE Logic P9 with a multi-frequency linear transducer 6-15MHz). Results: Among the 239 included patients, there is a significant prevalence of comorbidities associated with ischemic stroke, such as systemic arterial hypertension (78.2%) and smoking (40.6%). The distribution between genders was homogeneous (58.2% versus 41.8%), and 70.3% of the patients were over 60 years old. The rate of patients with hemodynamically significant alterations (stenosis >50% of the vessel lumen) in the carotid and vertebral arteries was 29.2%. Smoking was the only risk factor that statistically correlated with the occurrence of ischemic stroke resulting from the involvement of the carotid or vertebral arteries (PR 1.708; CI 1.057-2.761; p=0.028). Conclusion: Ultrasonography with Doppler of the extracranial arteries is a useful tool in the investigation of ischemic stroke cases, given that the prevalence of significant disease in the large extracranial vessels (stenosis >50%) approaches 30%.