Paixão, violência e desumanização / Violence, passion and dehumanization

RESUMO

Se, e quando, a paixão é potência sublimatória e atua predominantemente em termos de Édipo, tem-se no cultural um movimento no sentido da penosa busca da verdade psíquica em um determinado momento histórico. Em seu oposto, quando a paixão se ancora em Narciso, vivem-se tempos problemáticos, durante os quais a desmentida dá as cartas. Assim, a paixão, enquanto movimento libidinal objetalizante, torna-se importante elo na cadeia do processo civilizatório e, portanto, na humanização do sujeito. Tudo ocorre ao contrário se os tempos ficam sob a égide de Narciso. Discutir-se-á, brevemente, o papel (des)estruturante da paixão na função simbolização da pulsão. Abordar-se-ão as relações entre verdade histórica e psíquica, duas das metáforas possíveis quando se tenta compreender e apreender a realidade. Considerar-se-á superficialmente a questão da palavra encobridora, ou seja, quando esta descumpre sua vocação como reveladora da pulsão, transformando-se em discurso que serve para encobrir um determinado momento pulsional, movimento desorganizador que impacta as relações sujeito-objeto, tanto no individual como no social. Discutir-se-á, por fim, a lógica de um tempo contemporâneo no qual as relações sujeito-objeto encontram-se matizadas excessivamente pela força de paixões deslocadas no sentido de Narciso.

ABSTRACT

If (and when) passion is a sublimatory potency that acts mostly in terms of Oedipus, it occurs, in a certain historic moment of the cultural field, a movement towards the painful search for the truth. On the other hand, when Narcissus anchors passion, we face problematic times, dictated by denial. Therefore, as an objectalizing libidinal movement, passion becomes an important link in the chain of the civilization process, hence, in the humanization process of the subject. Otherwise, if times stands under the aegis of Narcissus, everything comes to the opposite. The paper briefly discusses the (de)structuring role of passion in the function of drive-symbolization. It also brings up historical and psychic truth as two possible metaphors on behalf of the will to understand and apprehend reality. It is superficially approached the disguising word issue, that acts in order not to reveal the drive, but to convert itself into a discourse that masks a certain moment of the drive, generating an impact movement that desorganizes the subject-object relationship, either on social or individual setting. Bringing to an end, it discusses the contemporary time logic, in which the strength of narcissistic passions shades the subject-object relationship.

RESUMEN

Si, y cuando, la pasión es potencia sublimatoria y actúa predominantemente en términos de Edipo, se tiene, en lo cultural, movimiento en el sentido de la penosa búsqueda psíquica en un determinado momento histórico. En su opuesto, cuando la pasión se ancla en Narciso, se viven tiempos problemáticos, en los que la desmentida da las cartas. Así, la pasión, en tanto que movimiento libidinal objetalizante, se hace importante eslabón en la cadena del proceso civilizatorio y, por lo tanto, en la humanización del sujeto. Todo al revés, si los tiempos están bajo la égida de Narciso. Se discutirá, brevemente, el rol (des)estructurante de la pasión en la función simbolización de la pulsión. Se tratan las relaciones entre la verdad histórica y psíquica, dos de las metáforas posibles cuando se intenta comprender y aprender la realidad. Se considerará superficialmente la cuestión de la palabra encubridora, o sea, cuando esta no cumple su vocación como reveladora de la pulsión, convirtiéndose en discurso que sirve para encubrir un determinado momento pulsional, movimiento desorganizador que impacta las relaciones sujeto-objeto, tanto en lo individual como en lo social. Se discutirá, por fin, respecto a la lógica de un tiempo contemporáneo en el que las relaciones sujeto-objeto se encuentran matizadas excesivamente por la fuerza de las pasiones desplazadas en el sentido de Narciso.