Alteraçöes imunitárias na cirrose hepática alcoólica / Immunologic changes in alcoholic liver cirrhosis

RESUMO

A cirrose hepática alcoólica cursa com alteraçöes imunitárias que podem ser atribuídas à hepatopatia em si, ao alcool e à desnutriçäo do paciente. Tais alteraçöes envolvem a imunidade celular e humoral, caracterizando-se por aumento de imunoglobulinas, diminuiçäo da resposta cutânea tardia e da resposta linfoproliferativa aos mitógenos, diminuiçäo de proteínas do sistema complemento (C3 C4) e queda (IL2 e çIF), ou elevaçäo (IL1, TNF, IL6, E IL8) de citoquinas. Paralelamente à imunossupressäo sistêmica comum a todos os pacientes, há uma imunoestimulaçäo, a nível hepático, com provável predisposiçäo genética, que norteia as características do curso da auto-agressäo hepática, em cada paciente. A imunossupressäo sistêmica poderia ser responsabilizada pelas infecçöes periódicas e neoplasias que invariavelmente acometem estes pacientes e pode ser fundamentada, genericamente, na exaustäo da defesa sistêmica a) pelo menor clearance de bactérias e/ou toxinas; b) pela menor produçäo hepática de componentes do sistema complemento; c) pela deficiência de citoquinas (IL2 e çIF), e d) pela deficiência de nutrientes antioxidantes e/ou participantes dos mecanismos da defesa imune. A imunoestimulaçäo hepática, responsável pela autoagressäo e perpetuaçäo da doença, é caracterizada pela migraçäo preferencial de linfócitos T citotóxicos e de neutrófilos, ao fígado, estimulados por fatores, como os corpos de Mallory, acetaldeído ou mesmo autoanticorpos. Além disso, a elevaçäo local das citoquinas, (IL1, TNF, IL6 E IL8) poderia responder pela maior quimiotaxia aos fagócictos (IL8) ou por parte do dano hepático (TNF) facilitado pela menor defesa antioxidante do fígado cirrótico. As possíveis intervençöes atenuadoras ou revertedoras destas alteraçöes imunitárias passam, obrigatoriamente, pela retirada do álcool e recuperaçäo nutricional do paciente, particularmente nos aspectos protéico-energético e antioxidante. Ainda necessitando de maiores estudos, há a possibilidade do uso de anticorpos monoclonais contra as citoquinas de açäo catabólica