Exposição ocupacional aos agentes antineoplásicos em hospitais do Distrito Federal / Occupational exposure to antineoplastic agents in hospitals of Distrito Federal

RESUMO

Neste estudo, traçou-se um perfil das condições de manuseio dos antineoplásicos, para identificar a exposição ocupacional a estes agentes citotóxicos em hospitais públicos e privados do Distrito Federal. Utilizando-se um questionário estruturado, realizou-se um inquérito junto aos chefes dos serviços de quimioterapia e trabalhadores ocupacionalmente expostos, associado à observação in locu. Os resultados encontrados demonstram que os trabalhadores são predominantemente do sexo feminino, na faixa etária de 31 a 45 anos e que 81,2 por cento trabalham com agentes antineoplásicos há menos de 6 anos. Os agentes antineoplásicos manuseados com maior freqüência foram ciclofosfamida, etoposido, fluorouracil, metotrexate e vincristina. Verificou-se que 73 por cento dos trabalhadores da manipulação e 66 por cento da administração não haviam recebido orientação quanto aos procedimentos a serem adotados em caso de acidente. O número de doses preparadas variou de 8 a 250 por semana e o tempo de exposição de 2 a 4 horas diárias. Em todos os hospitais havia Câmara de Segurança Biológica, classe II, de uso exclusivo; observou-se, ainda, que em 71,4 por cento dos hospitais inexistia área centralizada destinada à administração. Verificou-se, também, que nos setores de quimioterapia não havia sinalização de segurança em nenhum dos hospitais; 71,4 por cento não possuíam piso antiderrapante e lavatório; 28,6 por cento, não possuíam geladeira na Central de Manipulação. Quanto ao EPI - Equipamento de Proteção Individual, constatou-se a variabilidade em relação ao tipo de material utilizado durante a manipulação dos antineoplásicos. Os resíduos, na Central de Manipulação, eram descartados em sacos plásticos, exclusivos; no entanto, não se observou nenhuma padronização na forma de descarte nos setores de administração. Conclui-se que, mesmo sendo consideráveis os avanços obtidos nos serviços de quimioterapia no Distrito Federal quanto à segurança ocupacional na última década, existem deficiências que contribuem para o aumento do risco de exposição ocupacional, devendo ser controladas através do treinamento e vigilância à saúde dos trabalhadores