Retinoblastoma: correlação clínico-epidemiológica em 451 casos brasileiros / Retinoblastoma: clinical-epidemiological correlation in 451 Brazilian cases

RESUMO

Retinoblastoma é o tumor ocular mais freqüente da infância. Suas características à apresentação em serviços especializados podem depender do tempo que medeia entrte seu reconhecimento e o início de seu tratamento. Este trabalho objetiva avaliar esta hipótese e verificar a distribuição quanto à lateralidade e idade de aparecimento de uma amostra brasileira de portadores de retinoblastoma. Material e método: foram revisados de 451 prontuários do Hospital A. C. Camargo do período de janeiro de 1975 até dezembro de 1995. A análise foi feita com uma ficha clínica que continha a identificação e dados oftalmológicos. Resultados: eram 279 unilaterais e 172 bilaterais. Dos 451 casos e, 214 (47,5 por cento) tiveram o primeiro sinal antes de um ano de idade, metade destes era bilateral. Dentre os casos reconhecidos após a idade de um ano, 27,8 por cento eram bilaterais. Chamamos de intervalo de tempo o tempo decorrido entre a observação do primeiro sinal e a admissão. Com relação ao estadiamento, no intervalo de tempo de até 1 ano os tumores extra-oculares são 28,3 por cento, depois dos 12 meses os extra-oculares são 57,4 por cento do total. Conclusão: aproximadamente metade (47,5 por cento) dos retinoblastomas foi observada pelos pais nos primeiros 12 meses de vida da criança. Os bilaterais se concentraram no período de até 1 ano de idade; com o aumento da idade de aparecimento, passam a predominar os unilaterais. O aumento do intervalo de tempo entre a observação de um sinal ocular e o início do tratamento aumentou a possibilidade de doença extra-ocular. Considerados os anos calendários de admissão, observou-se aumento na média anual de encaminhamentos a partir de 1986 e uma discreta tendência de maior precocidade no diagnóstico a partir do período iniciado nesse mesmo ano. Correlações entre os dados são discutidas.