Regulação autonômica central na parada cardiorrespiratória: estudo experimental / Central autonomic regulation in the heart arrest: experimental study

RESUMO

O trauma raquimedular,atualmente, é de incidência relativamente elevada, e a parada cardiorrespiratória (PCR) é sempre uma possibilidade devido aos graves distúrbios autonômicos e à hipoxemia decorrente de complicações respiratórias, que freqüentemente acompanham a lesão medular alta. O presente estudo avaliou os efeitos cardiocirculatórios da noradrenalina (NOR - vasopressor adrenérgico) e da angiotensina II (AII - vasoperssor não-adrenérgico) em cães anestesiados intactos, e após a desconexão aguda do sistema nervoso simpático; também investigou os efeitos das mesmas drogas, em doses altas, sobre a PPCor e a RCE, durante a RCR da fibrilação ventricular induzida eletricamente. Vinte cães mestiços, de ambos os sexos, anestesiados, foram intubados via orotraqueal e ventilados artificialmente. A pressão aórtica (PAo), a pressão de átrio direito (PAD) e o eletrocardiograma (ECG) foram registrados continuamente. Os animais foram divididos em dois grupos iguais (grupo A-NOR e B-AII), cujos dados foram analisados em três fases. A fase I registrou as alterações hemodinâmicas das drogas no animal sem lesão; a fase II, nos animais com lesão e a fase III, nos animais em PCR. Os resultados evidenciaram que o padrão básico de resposta hemodinâmica observado no grupo A foi de elevação pressórica arterial sistêmica nas fases I e II, com efeitos pressóricos arteriais iniciais, nos animais lesados, mais intensos que nos animais intactos, especialmente na PAo diastólica de PPCor, sendo que a duração foi mais efêmera, desaparecendo a partir do segundo minuto após sua administração. Concluiu-se que os efeitos pressóricos arteriais da NOR e AII foram mais intensos nos animais lesados, em relação aos animais intactos, sendo que o efeito bradicardizante da NOR não foi observado após a lesão medular alta. Os efeitos pressóricos da AII foram aparentemente mais intensos e duradouros que os da NOR, especialmente nos animais lesados. A desconexão completa do sistema nervoso autônomo simpático, após a lesão, não deprimiu a resposta vascular inicial à administração de altas doses de NOR e AII, sendo que foi observado aumento significativo da PPCor e altas taxas de RCE, durante a RCR da fibrilação ventricular.