Trabeculectomia preservando a integridade da Cápsula de Tenon em casos de pobre prognóstico / Trabeculectomy preserve Tenon's capsule integrity in cases of poor prognosis

RESUMO

Introdução: A trabeculectomia é uma técnica cirúrgica que objetiva a diminuição da pressão intra-ocular (PIO), através da criação de uma fístula que permite o livre fluxo do humor aquoso entre a câmara anterior e o espaço sub-tenoniano. Alterações inflamatórias no nível da Cápsula de Tenon representam uma causa comum de falência da trabeculectomia. O objetivo deste estudo é apresentar nossa experiência com cirurgias filtrantes nos casos de glaucoma, onde a intenção foi minimizar a injúria à Cápsula de Tenon. Local: Instituto de Oftalmologia Tadeu Cvintal, São Paulo. Pacientes e Métodos: Realizamos a trabeculectomia preservando a integridade da Cápsula de Tenon, segundo a técnica descrita por Van Buskik, modificada por Fabian Lerner em 16 pacientes, considerados de mau prognóstico. Uma peritomia conjuntival de 3.0mm é realizada sem lesar a Cápsula de Tenon. Uma incisão de espessura parcial é feita no limbo e um flap escleral é dissecado 3mm posteriormente. O espaço subconjuntival é atingido com um cistótomo, que passa através da bolsa escleral criada após a confecção do flap. A seguir é feita injeção de solução salina balanceada (BSS, Alcon laboratories, Ft. Worth, TX) misturada com 5-fluoracil (5mg) em todos os casos. A câmara anterior é atingida através de uma incisão próxima ao limbo. Um fragmento de 1,5 por 1,0mm no assoalho da bolsa escleral e ressecado, seguido de uma iridectomia periférica. Por fim, a esclera e a conjuntiva são suturadas com pontos isolados de nylon 10-0. Resultados: A PIO pré-operatória era de 36 +/- 4mmHg e a PIO atingida no pós-operatório foi de 14 +/- 2mmHg em 6 meses, sendo que 75 por cento dos olhos atingiram níveis de PIO menor ou igual a 15mmHg sem medicação. O tempo de seguimento pós-operatório médio foi de 12 meses, variando de 8 a 14 meses. Nenhuma complicação séria foi evidenciada. Conclusão: Tempos de seguimentos pós-operatórios mais extensos mostram que essa nova técnica é um procedimento seguro e capaz de reduzir os níveis de PIO com eficácia. Sugerimos o uso dessa técnica, especialmente em casos de pobre prognóstico, obtendo-se resultados melhores que os encontrados com o procedimento convencional.