Dentifrício fluoretado e risco de fluorose dentária / Fluoridated dentifrice and risk of dental fluorosis

RESUMO

Nas últimas décadas do século XX, foi constatado um declínio na prevalência da cárie dental, o qual tem sido atribuído ao uso do dentifrício fluoretado. Entretanto, paralelamente há relatos de que a fluorose dentária tem aumentado. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a dose de flúor ingerida (mg de F/kg de peso corpóreo/dia) e fatores que contribuem para a mesma quando da escovaçäo dentária. Participaram da pesquisa 32 crianças de 20 a 30 meses de idade residentes em Ibiá-MG, cidade com água fluoretada. A porçäo de dentifrício colocada pela criança sobre a escova dental foi pesada para a determinaçäo da exposiçäo ao flúor com base na concentraçäo de flúor solúvel encontrada em cada dentifrício. As crianças realizaram a escovaçäo de forma habitual, sendo coletados os produtos expectorados e a água utilizada para a lavagem da escova. Para todas as análises de flúor, usou-se um eletrodo específico Orion 96-09. As crianças foram submetidas a uma dose média de 0,061 ñ 0,008 mg de F/kg/dia (média ñ dp), com a variabilidade de 0,011 a 0,181. O teste t mostrou que essa dose seria equivalente à dose máxima - limite de risco para uma fluorose dentária clinicamente aceitável -, estimada em 0,07 mg de F/kg/dia. Verificou-se a correlaçäo significante entre a dose e a quantidade de dentifrício usada na escovaçäo (r = 0,60, p = 0,0003), bem como entre a dose e a freqüência de escovaçäo (r = 0,42, p = 0,0182). Concluiu-se que, em média, as crianças estäo sendo submetidas a uma dose de flúor näo preocupante em termos de risco de fluorose dentária esteticamente comprometedora. Entretanto, devido à alta variabilidade, medidas devem ser tomadas para reduzir a ingestäo de dentifrícios e aumentar a segurança daqueles submetidos a doses até duas vezes superior ao limite