Hipermetropia pós-cerototomia radial / Hyperopia after radial keratotomy

RESUMO

Objetivo: Avaliar a incidência, característica e possíveis fatores de risco para desenvolvimento de hipermetropia pós-ceratotomia radial. Método: Estudo retrospectivo envolvendo 201 olhos submetidos a ceratotomia radial no período de 1983 a 1995, com acompanhamento médio de 88.3 meses (variando de 30 a 192 meses). Todas as cirurgias foram realizadas pelo mesmo cirurgião (AG), utilizando incisões radiais centrífugas - técnica americana, na qual as incisões eram realizadas do centro para a periferia. O trabalho foi realizado na Clínica particular de um dos autores. Resultados: No primeiro ano de pós-operatório, 4,2 por cento dos olhos apresentavam hipermetropia que variava de +0.50 a +1.50 dioptrias (D) (média de +1.20D). Do primeiro ao quinto ano pós-operatório essa proporção aumentou para 9,8 por cento e, entre o quinto e o décimo ano pós-operatório, para 32 por cento. Num acompanhamento maior que dez anos (n=50), 49 por cento dos olhos apresentavam hipermetropia variando de +0.50 a +5.75D (média de +2.21D). Conclusão: Há uma tendência significativa para hipermetropização pós-ceratotomia radial ao longo do tempo. Enquanto no primeiro ano apenas 4,2 por cento dos casos apresentaram hipermetropia, num período superior a 10 anos, essa proporção subiu para 49 por cento. Diversos fatores de risco puderam ser apontados para a hipermetropização pós-ceratotomia radial, tais como menor tamanho da zona óptica, presença de incisões arqueadas e menor espessura corneana no pré-operatório.