O silêncio dos inocentes: estudo do Hospício S. João de Deus, 1912-1930 (I): crises e reformas / The silence of innocents: study of Hospício S. João de Deus, 1912-1930 (I): crisis and reforms

RESUMO

Estuda-se a prática psiquiátrica na Bahia, com ênfase no Hospício S. João de Deus, no período de 1912 a 1930, sob a tutela do estado, com base no referencial da psiquiatria como prática contraditória entre as finalidades de tratamento e controle social. Objetivou-se: i) descrever as crises e reformas do sistema psiquiátrico na Bahia, identificando os sujeitos relevantes; ii) compreender como o tecno-saber psiquiátrico foi usado para caucionar práticas de violência institucional; iii) descrever e analisar as condições de vida dos internados. Foram utilizados procedimentos da pesquisa histórica na análise documental dos testemunhos voluntários e involuntários: a organização das fontes (relatórios, ofícios, inquéritos) e interpretação discursiva dos internados, agentes intelectuais e subalternos. O Hospital São João de Deus, no período, a estratégia de expansão da capacidade instalada, tendo sido construído nove pavilhões, entre oas quais, os reservados aos doentes particulares ("pensionistas"), o do manicômio judiciário para os psicopatas criminosos, a colônia para os crônicos e o do ensino prático da medicina mental, além de outros para os ïndigentes" em geral. Desse modo, ele concentrou entre seus muros todo o aparato responsável pelas práticas psiquiátricas realizadas na Bahia. Apesar dessa expansão o manicômio permaneceu, no período, superlotado.