Hidrocefalia em crianças hospitalizadas na Santa Casa de Misericórdia / Hydrocephalus in hospitalized children

RESUMO

Introdução: A hidrocefalia é caracterizada pelo acúmulo anormal de líquido cefalorraquidiano (LCR) nas cavidades ventriculares, levando à dilatação das mesmas e aumento da pressão intracraniana. Objetivo: Analisar os casos de hidrocefalia internados na enfermaria de pediatria da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMPA), no período de janeiro de 1999 a dezembro de 2001. Método: Identificados os prontuários dos pacientes internados com diagnóstico de hidrocefalia, criou-se um banco de dados através do programa Epi-Info, Versão 6.0, utilizando-se o teste do Qui-Quadrado para análise dos resultados; adotou-se como 0,05 ou 5por cento, o índice de rejeição da hipótese de nulidade. Resultados: Diagnosticou-se hidrocefalia em 6por cento das internações, com acometimento mais expressivo em crianças de 1 a 3 meses de idade. Identificou-se a Malformação de Arnold Chiari tipo II (14por cento dos casos) como a mais freqüente causa determinante de hidrocefalia. Registraram-se complicações em 67por cento dos pacientes (p=0,00), sendo a infecção em derivação ventrículo peritonial (DVP) a mais freqüente. Administrou-se antibióticos para 84por cento dos pacientes (p=0,00). A DVP foi o procedimento cirúrgico realizado mais freqüentemente. Observou-se indícios de infecção no LCR de 45por cento das crianças que realizaram esse exame. A cultura do LCR detectou como germes mais prevalentes S. aureus, P. aeruginosa e E. coli, e a hemocultura S. epidermidis e S. aureus. Observou-se o registro do perímetro cefálico (PC) em apenas 22por cento (42 de 191) dos prontuários, sendo esse dado significante (p<0,05) quando comparado aos prontuários sem essa informação. Conclusão: O percentual de internamentos, de complicações e a presença de infecção em DVP foram superiores aos relatados na literatura. O fato de 84por cento desses pacientes, terem sido submetidos à antibioticoterapia, reflete a necessidade de um melhor controle de infecção hospitalar. O PC parece não ter sido valorizado como dado semiológico importante para o diagnóstico e seguimento desses pacientes