O silêncio dos inocentes II: o organicismo higienista no Hospício São João de Deus (1912-30) / The silence of the innocents II: the organicism hygienist in the Sao Joao de Deus Asylum (1912-30)

RESUMO

Estudo da prática psiquiátrica na Bahia, com ênfase no Hospício João de Deus, no período de 1912 a 1930. Objetivo: compreender como o tecno-saber psiquiátrico foi usado para caucionar práticas de violência institucional. Foram utilizados procedimentos da pesquisa histórica na análise documental dos testemunhos voluntários e involuntários:a organização das fontes (relatórios, ofícios, inquéritos) e interpretação discursiva dos internados,agentes intelectuais e subalternos.Resultados:Os saberes e técnicas psiquiátricos da época assimilaram as propostas do organicismo alemão.Os diretores e demais agentes intelectuais tinham formação organicista e eram apologéticos da higiene mental. A noção de degeneração serviu para caucionar práticas moralistas, racistas, xenófobas e machistas. Documentos analisados evidenciaram práticas de exclusão onde deveriam ser realizadas ações terapêuticas. Testemunhos involuntários permitiram ouvir a voz dos agentes subalternos, onde ficam evidentes os conflitos com o pessoal superior, com momentos de lucidez e clarividência que faltaram aos agentes intelectuais.