Validação experimental de um novo modelo animal de discinesia tardia em camundongos / Experimental validation of a new model of tardive dyskenesia in mice

RESUMO

Pacientes tratados prolongadamente com neurolépticos podem desenvolver discinesia tardia, uma síndrome caracterizada por movimentos involuntários que envolvem a musculatura buco-linguo-mastigatória e pode ser irreversível. Enquanto não há tratamento farmacológico efetivo para a discinesia tardia, sua fisiopatologia ainda não é bem esclarecida. No entanto tem sido proposto um importante papel do estresse oxidativo estriatal. Nesse contexto, o desenolvimeno de modelos animais dessa síndrome poderia ser de singular importância. Não obstante, nenhum modelo de discinesia tardia em camundongos foi proposto até o momento. 0 objetivo do presente estudo foi validar os movimentos orofaciais induzidos pela privação da admminsitração prolongada de haloperidol em camundongos como um novo modelo animal de discinesia tardia. Assim como a discinesia tardia em humanos, os movimentos orofaciais induzidos por haloperidol em camundongos 1-) desenvolveu-se após a administração prolongada (e não aguda); 2-) foi persistente (até 14 dias após privação do neuroléptico); 3-) foi reproduzido após privação do tratamento prolongado com outros neurolépticos típicos (mas não atípicos); 4-) foi potencializado pelo envelhecimento. Além disso, os movimentos orofaciais induzidos pelo haloperidol se desenvolveram em duas diferentes linhagens de camundongos e foram revertidos pelo tratamento concomitante com o agente antioxidante fenilnitrona. Tomados em conjunto, esses resultados sugerem que os movimentos orofaciais em camundongos poderiam se constituir em um modelo animal de discinesia tardia, podendo ser uma ferramenta útil para tanto para a investigação de tratamentos farmacológicos efetivos quanto para a investigação da hipótese fisiopatológica do estresse-oxidativo nessa síndrome