Mente primitiva e pensamento / Primitive mind and thought

RESUMO

Neste trabalho, a autora reflete sobre a relação entre mente primitiva, pensamento e a experiência analítica. Serve-se do material clinico de três pacientes, que operam em diferentes níveis de organização mental, embora todos evidenciem características marcantes da mente primitiva. Introduz o exame das teorias que se relacionam aos diferentes níveis mentais mencionados, utilizando como referencia as idéias de Bion, Green, Tustin e Ogden. A ênfase deste exame recai sobre os estados primitivos da mente (estados protomentais, elementos beta). O ponto central do trabalho diz respeito a discussão (parte V) na qual, partindo da clínica, a autora sugere a necessidade de o analista discriminar o nível de desenvolvimento mental em que o paciente se encontra para que este possa ser alcançado. Quanto ao material clínico apresentado, cuja comunicação situa-se em um nível mais desenvolvido, há sinais de que a analista possivelmente dispõe de recursos compatíveis para trabalhar com as manifestações em curso. Os outros dois pacientes, porém, nos quais predominam estados mentais mais primitivos, estados protomentais, a comunicação se dá em tal nível de concretude, que a autora se indaga de que instrumentos o analista dispõe para alcançar fenômenos desta natureza? Propõe então considerar uma gradação das diferentes nuanças de comunicação contidas em tais fenômenos (elementos beta), para que o analista talvez assim possa discriminar, localizar e se aproximar da área onde o paciente se situa. A partir destas ponderações, a autora levanta diversas questões quanto as diferentes possibilidades de apreensão do material clínico apresentado, dependendo da percepção, por parte do analista, quanto ao grau de organização mental em que o paciente se encontra.