Introjeção da função analítica: um esboço a partir da clínica / Introjection of the analytical function: a clinical study

RESUMO

Apresento neste trabalho algumas questões técnicas surgidas da relação analítica com uma paciente com predomínio de defesas narcísicas e superegóicas, com elevada produção de pensamentos concretos e pouca capacidade associativa. Supondo que essa situação ocorra em virtude de falhas na rêverie materna e de aspectos constitutivos e ambientais, incapacitando a paciente de introjetar um bom objeto que possa conhecer e observar. Na verdade, parece ter como conseqüência uma falha na própria capacidade de rêverie, ou seja, na capacidade de pensar, fantasiar e simbolizar as próprias experiências emocionais. Assim, a paciente construiu uma estrutura onipotente e controladora, comandada pelo superego primitivo, subordinando o ego, o que a impede de aprender com a experiência e introjetar um objeto confiante e capaz de pensar, assim como representar qualquer situação nova. Diante disso, procuro discutir que tipo de problemas técnicos foram se apresentando no trabalho analítico e como fui descobrindo uma forma de comunicação com essa paciente, o que permitiu um contato afetivo mais profundo e verdadeiro consigo própria e com a analista, na experiência vivida pela dupla. Para tanto, ilustro este trabalho com fragmentos clínicos que exemplificam um esboço de introjeção ou identificação introjetiva da função analítica.