Histeria: influência de Charcot em teses da Faculdade de Medicina da Bahia no século XIX / Hysteria: the influence of Charcot on theses presented to the Medical School of Bahia in the nineteenth century

RESUMO

As teses apresentadas à Faculdade de Medicina da Bahia, no período oitocentista, são uma rica fonte para o estudo dos primórdios da preocupação com questões de ordem psicológica em nosso país. Inicialmente, foi muito forte a vinculação a autores franceses. Este estudo, especificamente, teve por objetivo analisar a influência exercida por Jean Martin Charcot (1825-1893) em cinco teses sobre histeria, apresentadas a esta instituição (Carneiro Ribeiro, 1886; Marques, 1890; Vieira de Mello, 1890; Lyra, 1891 e Bulcão, 1894). Foi verificado que os doutorandos fizeram 874 citações, de 283 profissionais, tendo Charcot obtido 15% de referências. Foi também constatado que 40 autores foram lembrados de forma diferenciada, respeitosa, tendo novamente, “o mestre da Salpêtrière” se destacado, com 36% de citações. Verifica-se que a figura de Charcot, após um período de críticas, passa a ser bem acolhida pelos psiquiatras. Já a histeria não existe como nomeação de quadro psicopatológico, utilizando-se, no DSM III o termo transtornos dissociativos (de conversão).

ABSTRACT

The doctoral theses presented at the Medical School of Bahia, in the nineteenth century, are a rich source of data for the study of the early interest in psychological issues in Brazil. Our basic purpose is to study the influence of Jean Martin Charcot (1825-1893) in five doctoral theses on hysteria presented at that institution. (Carneiro Ribeiro, 1886; Marques, 1890; Vieira de Mello, 1890; Lyra, 1891 e Bulcão, 1894). It was found that the doctoral candidates made 874 quotations of 283 professionals, having Charcot received 15% of those. It was also verified that 40 authors were remembered in a respectable and distinguished manner – and again, “the master of Salpêtrière” appears in 36% of those occasions. After a period of criticism, we notice that Brazilian psychiatrists begin to welcome Charcot’s work. On the other hand, hysteria is no longer considered anosological category, being described in DSM-III as a Conversion Disorder.