Considerações sobre a dimensão criativa do humor na clínica psicanalítica / On creative humor in the psychoanalytic technique

RESUMO

Este estudo visa refletir sobre a dimensão criativa do humor e a questão do seu lugar – ou não – no tratamento psicanalítico. O autor toma como base o artigo de Gilbert Rose, intitulado “King lear and the use of humor in treatment”. Neste, Rose comenta sobre a atitude do bobo na peça shakespeareana, esforçando-se para penetrar na loucura do rei com doses cuidadosas de verdade. Rose mostra que a maior ferramenta que o bobo possui é o conhecimento do rei e que a espirituosidade , o timing e a flexibilidade são os veículos essenciais para a transmissão da verdade. Estende e desenvolve estas qualidades em relação ao analista. O autor discute as idéias de Rose, incluindo a opinião de outros autores que também estudaram este tema. Sem deixar de apontar as conseqüências negativas do uso do humor – quando está a serviço da defesa contra a angústia – este estudo prioriza os benefícios que o uso do humor no tratamento pode trazer no estabelecimento e manutenção de um interjogo dialético entre paciente e analista. Conclui que o humor pode ser um dispositivo técnico valorizado, mas, para isto, necessita de um rigoroso controle, de forma que os analistas discutam e reflitam sobre o seu uso.