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Os sentidos de “análise” e “analítica” no pensamento de Heidegger e suas implicações para a psicoterapia / The meanings of “analysis” and “analytics” in Heidegger’s thinking and its implications for psychotherapy
Mattar, Cristine Monteiro; Sá, Roberto Novaes de.
Affiliation
  • Mattar, Cristine Monteiro; Instituto de Psicologia Fenomenológico-Existencial do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. BR
  • Sá, Roberto Novaes de; Universidade Federal Fluminense. Rio de Janeiro. BR
Estud. pesqui. psicol. (Impr.) ; 8(2): 193-203, ago. 2008.
Article in Pt | LILACS, INDEXPSI | ID: lil-514477
Responsible library: BR85.1
RESUMO
Este trabalho trata de alguns dos principais conceitos da psicoterapia daseinsanalítica, inspirada no pensamento do filósofo alemão Martin Heidegger. Para isto, inicia pela explicitação da escolha do termo "analítica" (Analytik) feita por Heidegger em sua obra "Ser e Tempo" (1927) em lugar de "análise" (Analyse). Aponta-se para a diferença de sentido entre ambos, destacando o afastamento moderno do significado originário de "análise", que o reduz a uma decomposição em elementos, em analogia com a química. No entanto, análise vem do grego analisein, que significa o destecer de uma trama, ou libertar, soltar alguém ou alguma coisa das amarras. O termo analítica, utilizado por Kant e retomado por Heidegger, não conduz a uma desintegração do fenômeno, mas sim ao seu caráter originário, ao seu sentido, sua condição de possibilidade. A analítica tece e destece, para libertar o sentido que possibilita o tecido, para vislumbrar o próprio tecer e re-tecer. Esta é a via pela qual Heidegger irá compreender a analítica. A Daseinsanalyse, análise da existência, é definida por ele em "Seminários de Zollikon" como o exercício ôntico da analítica ontológica empreendida em "Ser e Tempo". Pode-se, então, pensar a Daseinsanalyse também como o exercício da analítica na clínica, que elabora tematicamente a existência factual do cliente, remetendo-a às suas estruturas existencial-ontológicas constitutivas. Esse destecer, conduzido pela análise, libera o existir para tudo aquilo que o interpela como abertura de sentido, ajudando-o a tornar-se presente para todos os entes, inclusive para si mesmo, através da reflexão. Após apresentar as idéias de dois psiquiatras suíços que estabeleceram relações entre a filosofia de Heidegger e a clínica - Ludwig Binswanger e Medard Boss - o artigo propõe ainda alguns modos pelos quais pode pautar-se a atitude do psicoterapeuta na Daseinsanalyse. Uma vez que as demandas de sofrimento existencial, endereçadas à clínica psicoterápica, cada vez mais estão relacionadas ao nivelamento histórico de sentido que pode ser computado no cálculo global de exploração e consumo, é imprescindível, para que a psicoterapia possa se constituir em um espaço de reflexão propiciador de outros modos de existir, que ela própria não permaneça acriticamente subordinada a esse mesmo horizonte histórico de redução de sentido
ABSTRACT
This study deals with some of the main concepts of daseinsanalytical psychotherapy, inspired by the thinking of German philosopher Martin Heidegger. To fulfill this aim, it begins by expliciting the choice of the term "analytics" (Analytik) made by Heidegger in his piece Being and Time (1927) instead of "analysis" (Analyse). It points out the difference in meaning between both terms, highlighting the modern detachment from the original meaning of "analysis", which reduces it to a decomposition of elements, in an analogy to Chemistry. However, analysis comes from the Greek analisein, which means the unweaving of a web, or freeing, releasing someone or something from his/its ties. The term analytics, used by Kant and resumed by Heidegger, does not lead to a disintegration of the phenomenon, but to its original character, to its meaning, its condition of possibility. Analytics weaves and unweaves to free the meaning that makes fabric possible, to catch a glimpse of the very activity of weaving and unweaving. This is the way through which Heidegger will understand analytics. Daseinsanalyse, the analysis of existence, is defined by him in Zollikon Seminars as the ontic exercise of ontological analysis carried out in Being and Time. It is possible, then, to think of Daseinsanalyse as the exercise of analytics in practice, which elaborates thematically the factual existence of the client, submitting it to its constitutive existential-ontological structures. This unweaving, guided by analysis, frees existing to all that summons it as an opening in meaning, helping it become present to all beings, including itself, through reflection. After presenting the ideas of two Swiss psychiatrists who established a relationship between Heidegger's philosophy and practice, Ludwig Binswanger and Medard Boss, the article proposes some ways through which the psychotherapist can guide his/her attitudes according to Daseinsanalyse. Once the demands of existential suffering, addressed to psychotherapeutical practice, are more and more related to a historical leveling of meaning which can be accounted in the global figures of exploitation and consume, it is indispensable, so that psychotherapy can be a space for reflection which allows other ways of existing, that psychotherapy itself does not remain acritically subordinate to this same historical horizon of reducing meaning
Subject(s)
Key words
Full text: 1 Index: LILACS Main subject: Psychology / Psychotherapy / Existentialism Limits: Humans Language: Pt Journal: Estud. pesqui. psicol. (Impr.) Journal subject: PSICOLOGIA Year: 2008 Type: Article
Full text: 1 Index: LILACS Main subject: Psychology / Psychotherapy / Existentialism Limits: Humans Language: Pt Journal: Estud. pesqui. psicol. (Impr.) Journal subject: PSICOLOGIA Year: 2008 Type: Article