O papel dos equídeos na ecologia da Leishmaniose visceral no Estado da Bahia, Brasil / The role of horses in the ecology of visceral leishmaniasis in Bahia, Brazil

RESUMO

Nas áreas endêmicas dos municípios de Jequié e Jacobina, Estado da Bahia, Brasil, realizou-se uma pesquisa sobre o papel dos eqüídeos na ecologia da leishmaniose visceral. Quinhentos e dois eqüídeos das espécies Equus caballus, Equus asinus e Equus caballus x Equus asinus, que vivem nessas áreas, foram estudados através de diversos métodos para diagnóstico e isolamento de leishmanias e correlacionados com casos humanos e com a vetora Lutzomyia longipalpis. Foram realizados os seguintes exames nesses animais: esfregaço e cultura de sangue periférico; esfregaços e culturas de biópsias do lábio inferior e os testes imunológicos : ELlSA, TRALd, Dot-blot. Os testes imunológicos apresentaram os seguintes percentuais de positividade: 19,32 por cento para o ELlSA, 40 por cento para o TRALd e 13,72 por cento para o Dot-blot. Esta alta prevalência de soro positividade, indica a presença de anticorpos específicos contra a Leishmania e a existência de eqüídeos infectados nessas áreas. Contudo, não foi possível isolar Leishmanias desses animais. Por outro lado, quatro Equus asinus inoculados com formas promastigotas de Leishmania chagasi e acompanhados por um período de 10 a 12 meses, foram também submetidos a todos os exames acima mencionados e mais biopsia e estudo da medula óssea, do baço e do fígado. O parasito foi demonstrado no fígado de dois destes eqüídeos experimentalmente infectados, através do exame histopatológico, após a necropsia dos animais. Seus testes de ELlSA e TRALd foram positivos nos O, 10° e 12° meses após a inoculação. Assim sendo, tanto os animais que adquirem naturalmente a infecção nas áreas endêmicas, quanto os inoculados experimentalmente com elevado número de promastigota, são capazes de debelar a infecção espontaneamente. Conclui-se que os eqüídeos são desprovidos de importância como reservatórios na cadeia de transmissão da leishmaniose visceral, embora tenham importância epidemiológica como fonte de alimentação sangüínea e na manutenção da população de Lutzomyia longipalpis.