Psicossomática e farmacologia / Psychosomatics and pharmacology

RESUMO

A concepçäo atual de "medicina psicossomática" enfatiza a inseparabilidade e interdependência dos aspectos psicossociais e biológicos do ser humano. A defesa de uma postura holística em face do paciente, integrando os recursos advindos da biologia, da farmacologia, da psicologia e das ciências sociais, vem resgatar o conceito de doença como "antropose" e colocar a terapêutica dentro de uma perspectiva mais ampla, e por isso mesmo mais eficaz. A prática de uma medicina com essas características näo é, reconhecidamente, fácil, e o seu exercício demandaria profundas transformaçöes no sistema de atendimento médico à populaçäo. Médico e paciente, na falta de melhores alternativas, pressionados por intensa propaganda, recorrem com muita freqüência ao uso de tranqüilizantes, em condiçöes para as quais nem sempre seriam indicados ou eficientes. Atualmente, o uso de benzodiazepínicos, mais que uma prática médica, já chega a fenômeno cultural de massas. Grande parte dos benzodiazepínicos säo prescritos por clínicos gerais a pacientes com distúrbios ditos "psicossomáticos", que incluem principalmente doenças cárdio-circulatórias, músculo-esqueléticas e gastrointestinais, além de condiçöes pós-cirúrgicas e afecçöes geriátricas. Alguns trabalhos apontam para o fato de que, em mais da metade dos casos, os benzodiazepínicos säo prescritos em combinaçäo com outras drogas. Neste trabalho procuramos discutir a) Os riscos do uso indiscriminado de tranqüilizantes, nas condiçöes ditas "psicossomáticas", e alguns critérios para seu uso mais adequado; b) A interaçäo de benzodiazepinas com outras drogas, freqüentemente utilizadas por outras especialidades médicas, como cimetidina, propoxifeno, isoniazida, estrógenos e propranolol, entre outras; c) Aspectos do uso e propaganda de tranqüilizantes, "antidistônicos" e outras drogas (incluindo neurolépticos), em nosso meio, com vistas ao tratamento das chamadas "doenças psicossomáticas"