Perfis de resposta imune-inflamatória na pele e no baço, associados à leishmaniose visceral canina / Profiles of immune-inflammatory response in skin and spleen, associated with canine visceral leishmaniasis

RESUMO

O cão doméstico é considerado o principal reservatório da Leishmania chagasi. Nesta tese, estudamos a resposta imuno-inflamatória, in situ, no baço e na pele de cães naturalmente infectados por L. chagasi, visando contribuir com a definição de novos marcadores de resistência e susceptibilidade à leishmaniose visceral canina que possam ser utilizados na avaliação da eficácia de protocolos de imunoprofilaxia e imunoterapia. Setenta e dois cães, provenientes de Jequié (BA), foram classificados em quatro grupos, de acordo com o perfil de resposta à infecção por L chagasi: (1) Potencialmente resistentes: animais com ausência de parasitismo esplênico e com teste cutâneo da leishmanina positivo. (2) Potencialmente suceptíveis: com presença de parasitismo esplênico e teste cutâneo da leishmanina negativo. (3) Indeterminado: com parasitismo esplênico e teste cutâneo da leishmanina positivo. (4) Potencialmente não infectados: com ambos os parâmetros negativos e sorologia negativa. Espécimens de baço e da pele desses animais foram analisados quanto às alterações morfológicas, excetuando quatorze cães cujas amostras de pele não estavam disponíveis. Animais do grupo potencialmente susceptível apresentaram mais freqüentemente periesplenite (18/25, P<0.0001), granuloma (7/25, P=0.0102), desorganização arquitetural da polpa branca (14/25, P=O.0001), folículos linfóides com menor freqüência (20/25, P=0,001), tamanho (20/25, P<0,0036) e com atrofia dos centros germinativos (21/25, P=0,0015), além de atrofia da zona marginal (15/25, P=0,0025) do que os outros grupos. A análise da pele revelou dermatite que foi mais freqüentemente em cães com cultura esplênica positiva (28/48, P=0,04) para Leishmania ou com emagrecimento (24/47, P=0,05). A dermatite difusa foi mais freqüente em animais com sorologia positiva (9/12, P=O,0086), parasitismo histológico verificado no baço (5/12, P=0,02), perisplenite (7/12, P=0,0188), atrofia de folículos linfóides (9/12, P=0,03) e da zona marginal (7/12, P=0,05) esplênicos. Presença de amastigotas de Leishmania na pele, verificada histológicamente, foi associada com emagrecimento (07/08, P=0,02), infiltrado inflamatório macrofágico na pele (04/08, P=0,05), sorologia positiva (07/08, P=0,03), periesplenite (05/07, P=0,02) e presença de amastigotas no baço (05/08, P=O,0007). Nossos dados demonstram a existência de alterações morfológicas significativas na pele e no baço de cães infectados com L. chagasi indicativas de um estado de susceptibilidade ao desenvolvimento da doença.