A indissociabilidade entre as dimensões psíquica e social na constituição psíquica do sujeito / The inseparability between the psychic and social dimensions in the psychic constitution of the subject

RESUMO

Conforme indicado no título deste artigo, nele defendo a “tese” segundo a qual, na constituição psíquica do sujeito, as dimensões psíquica e social são indissociáveis – de acordo com minha leitura, assim como a de outros autores freudianos acerca da obra de Freud.De acordo com Piera Aulagnier, a contribuição mais fundamental da teoria freudiana encontra-se no lugar e função que designa ao desejo tanto na organização do sujeito psíquico, quanto na do meio social ao qual pertence. Apesar de serem duas organizações regidas por princípios diferentes, do mesmo modo que são os seus objetivos, elas deverão conseguir entrar em acordo, a fim de que sujeito e mundo possam coabitar e continuar a existir um para o outro. O indivíduo não pode renunciar ao desejo, senão ao preço de sua morte psíquica, mas no entanto, deve aceitar os limites de sua realização, em nome da sobrevivência da sociedade à qual reivindica o seu legítimo reconhecimento como um de seus membros. Neste trajeto, que Castoriadis denomina “socialização da psique”, o complexo de Édipo - que é universal, enquanto lei cultural que interdita o desejo incestuoso e oparricida – ocupa lugar central na estruturação do psiquismo e portanto, na orientação do desejo humano.

ABSTRACT

As indicated in the title of this article, my argument is as follows in the psychic constitution of the subject, the psychic and social dimensions are inextricably linked – according to my reading and those of other Freudian authors, based on Freud’s work. According to Piera Aulagnier, the most fundamental contribution of freudian theory is the function of the desire, both in the organization of the psychic subject, as in the social environment to which he belongs. Although they are two organizations governed by different principles and goals, they should be able to agree to that subject and world have to live together and exist for one another. The individual cannot give up his desire, the price being his psychic death, yet he must accept the limits of his achievements on behalf of the culture survival to which he claims recognition as one of its members. In this way, called by Castoriadis “socialization of the psyche”, the Oedipus complex – which is universal, though cultural law prohibits the parricide and incestuous desire – is central in the structuring of the psyche and thus in the orientation of human desire.