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Obesidade infantil: o problema de saúde pública do século 21 / Childhood obesity: public health problem in the 21 century
Moreira Lima Verde, Sara Maria.
  • Moreira Lima Verde, Sara Maria; Universidade de Fortaleza - UNIFOR. Fortaleza. BR
Article in English, Portuguese | LILACS | ID: lil-737332
RESUMO
De acordo com a World Health Organization (WHO)(1), a obesidade infantil é um dos mais sérios problemas de saúde pública do século 21, sendo considerado global e afetando principalmente países de baixa e média rendas em áreas urbanas. A prevalência da doença tem aumentado de modo alarmante e, em 2010, o número de crianças menores de cinco anos com sobrepeso foi de mais de 42 milhões, sendo 35 milhões residentes em países em desenvolvimento.No Brasil, o aumento da obesidade é preocupante. O VIGITEL 2013(2) apresenta dados referentes à entrevista realizada com 45,4 mil brasileiros, residentes nas capitais e Distrito Federal (DF), onde 51% dessa população estava com excesso de peso e 17%, com obesidade. Em 2006, os números eram 43% e 11%. Além disso, de acordo com a Pesquisa de Orçamento Familiar ? POF (2008- 2009)(3), realizada pelo IBGE, uma em cada três crianças brasileiras com idade entre 5 e 9 anos está com peso acima do recomendado pela WHO(1) e pelo Ministério da Saúde (MS).Entre os jovens de 10 a 19 anos, um em cada cinco apresenta excesso de peso. O problema já afeta 1/5 da população infantil e pode resultar em uma geração futura de obesos, pois crianças obesas se tornam adolescentes obesos e 80% destes chegam à vida adulta também com obesidade. Assim, essa geração de pequenos obesos pode ser vista como futuros hipertensos, diabéticos, com riscos renais, cardiovasculares e cerebrais aumentados. Todos esses fatores reforçam a obesidade infantil como um importante problema de saúde pública no momento em que finaliza o ciclo com indivíduos ?sem saúde? e elevados custos para o sistema de saúde pública do país.O Brasil apresenta uma dupla carga de doenças com origem na alimentação, sendo observada a ocorrência de enfermidades causadas pela deficiência de micronutrientes específicos e crescente prevalência de obesidade entre os brasileiros(4). A alimentação inadequada e o sedentarismo têm sido destacados como as principais causas da obesidade infantil. Em uma avaliação sobre os alimentos mais ingeridos pelos brasileiros, foi encontrado que refrigerantes, refrescos, doces e salgados estão entre os 10 alimentos mais consumidos pelos adolescentes, entre os quais não aparecem frutas e vegetais. Esse padrão alimentar reflete os crescentes números de excesso de peso e obesidade nessa faixa etária(5).Este número da RBPS apresenta resultados(6) acerca dos hábitos alimentares de adolescentes obesos de escolas públicas e privadas da cidade de Fortaleza, mostrando que 56,3% não realizavam o café da manhã, 70% não faziam as refeições junto com a família, 56,9% consumiam refrigerantes mais de 3 vezes por semana e mais de 30% frequentavam fast-food. Corroborando com esses hábitos alimentares inadequados, quase 30% dos adolescentes entrevistados foram considerados sedentários ou insuficientemente ativos. Esses achados mostram evidentes fatores de risco para a manutenção da obesidade entre esses adolescentes e refletem os dados do VIGITEL (2013)(2), segundo os quais Fortaleza apresenta 17,5% da sua população adulta com diagnóstico de obesidade.A alimentação infantil é também coordenada pelos hábitos alimentares dos gestores da família. Assim sendo, os adultos brasileiros também fazem uso de refrigerantes e refrescos, mas apresentam entre os 10 alimentos mais consumidos a salada verde(5). Considerando a influência da alimentação dos pais sobre as escolhas das crianças, é fácil perceber que os hábitos alimentares dos pequenos brasileiros estão apoiados sobre os pilares das escolhas inadequadas dos pais. Dessa forma, qualquer intervenção que busque reverter a crescente incidência da obesidade infantil precisa ser trabalhada juntamente com os responsáveis pela aquisição do gênero alimentício os pais ou responsáveis(7,8). Além da aquisição, o ambiente de realização da refeição, a mídia televisiva, que abrange a ?massa? da população, e o ambiente escolar também precisam ser vistos como determinantes dos hábitos e escolhas alimentares dos pequenos infantes, portanto, locais certos para a ação de educação nutricional e incentivo à atividade física(9).Tem sido bem documentada a associação entre a obesidade na infância e sua permanência na adolescência e idade adulta, bem como o desenvolvimento de comorbidades ao longo da vida. Atualmente, as doenças cardiovasculares, diabetes e câncer respondem por 63% de todas as mortes no mundo. Sobrepeso e obesidade em crianças são o provável início da obesidade na idade adulta e também o início do desenvolvimento de doenças não transmissíveis como diabetes e doença cardiovascular. Sobrepeso e obesidade são doenças crônicas altamente preveníveis, mas a duração da obesidade é um fator de risco, independentemente do IMC na idade adulta(7,8). Existe risco aumentado em 2,5 de mortalidade a cada duas décadas de obesidade do indivíduo(7).Todas as comorbidades envolvidas com a presença da obesidade podem ter consequências que extrapolam o corpo do indivíduo e chegam à saúde coletiva no instante em que o obeso trata suas doenças crônicas no serviço público e, desse modo, ?injeta? um custo adicional ao tratamento da doença. Assim, considerando os fatores ambientais, entre os quais, alimentação e atividade física, e também o papel do esclarecimento dos pais e da sociedade quanto às escolhas alimentares saudáveis, bem como todos os aspectos emocionais envolvidos com o ato de alimentar-se de uma criança, determinantes no aumento do peso, reforça-se a importância das políticas públicas que visem a prevenção da obesidade nessa faixa etária, a fim de minimizar as consequências epidemiológicas das doenças crônicas originárias dessa condição.Entretanto, é incoerente não falar dos prejuízos psicológicos que acompanham a criança e o adolescente obeso. Não se pode desvincular peso corporal e imagem corporal. Aos dois anos de idade, a imagem corporal da criança já está formada. Entretanto, aos 7 anos, a criança começa a ter noção das dimensões do seu corpo e a se importar com as modificações que acontecem nele. Nesse momento, por influência do grupo ao qual pertence ou deseja pertencer, sua relação com o alimento muda, sendo o ato de alimentar-se visto como uma forma de inserção(9). Assim, sensibilizada com esses questionamentos sobre a obesidade infantil, a RBPS apresenta, rotineiramente, artigos contendo investigações coerentes, a fim de que a prática alimentar seja firmada como garantia da manutenção da saúde e prevenção de doenças nessa fase de formação da personalidade, e incentiva a busca por intervenções sobre as escolhas alimentares saudáveis, que, obrigatoriamente, precisam ser reforçadas e apreendidas por todos que pensam em um futuro com menos obesos e mais crianças saudáveis.
ABSTRACT
According to the World Health Organization (WHO) (1), childhood obesity is one of the most serious public health problems of the 21st century worldwide and it steadily affects low- and middle-income countries in urban settings. The prevalence of the disease has increased at an alarming rate, and, in 2010, the number of overweight children under the age of five was estimated to be over 42 million, with 35 million of these living in developing countries.In Brazil, the increased obesity rate is worrisome. The VIGITEL 2013(2) shows data from a survey conducted with 45.4 thousand Brazilians living in the capitals and Distrito Federal ? DF (Federal District) where 51% of this population was found to be overweight and 17% obese. In 2006, the figures were 43% and 11%.Additionally, according to the Pesquisa de Orçamento Familiar ? POF (Household Budget Survey) 2008-2009 conducted by the IBGE (The Brazilian Institute of Geography and Statistics), one in every three Brazilian children aged 5-9 is over the weight recommended by the WHO(1) and the Ministry of Health (MH).As to teens aged 10-19, one in every five people is overweight. The problem is already affecting 1/5 of the child population, and it can lead to a future generation of obese people because obese children become obese teens and 80% of these also reach adult life with obesity. Thus, this generation of obese little people may be seen as people who may present hypertension, diabetes and increased kidney, cardiovascular and brain problems in the future. All these factors reinforce childhood obesity as a major public health problem since it results in individuals with poor health and high costs to the country?s public health care system.Brazil presents a double burden of nutrition-related diseases, with the occurrence of infirmities caused by a deficiency in specific micronutrients and an increasing prevalence of obesity among Brazilians(4). The inappropriate nutrition and sedentariness stand out as the major causes of childhood obesity. An evaluation on the most consumed foods in Brazil showed that sodas, soft drinks, sweets and pastries are among the ten foods mostly consumed by teens, whereas fruits and vegetables do not appear among them. This dietary pattern reflects the increasing rates of overweight and obesity in this age group(5).This current issue of RBPS presents the results(6) about eating habits of obese teens of public and private schools of the city of Fortaleza, revealing that 56.3% do not eat breakfast, 70% do not eat with their families, 56.9% drank soda more than three times a week and more than 30% used to go to fast-food restaurants. Corroborating these findings, nearly 30% of the interviewees were considered sedentary or insufficiently active. These findings show evident risk factors for obesity among these adolescents and reflect the VIGITEL (2013)(2) data, which reveals that Fortaleza has 17.5% of its population diagnosed with obesity.Childhood nutrition is also coordinated by the eating habits of the family managers. Therefore, Brazilian adults also consume sodas and soft drinks; however, green salad is among their ten most consumed foods(5). Considering the influence of parental nutrition on children?s choices, one can easily notice that the eating habits of these little Brazilians are supported by parents? inappropriate choices.Thus, any intervention to change the increasing incidence of childhood obesity should be developed along with the people responsible for the acquisition of foodstuff parents or the head of household. Besides the acquisition, the environment where the meal takes place, television media, which reaches the ?mass? of the population, and the school environment should also be considered determinants of eating habits and choices of little infants, being the right places for developing nutritional education and encouraging physical activity(9).Studies have shown an association between childhood obesity and its permanence in adolescence, as well as the development of comorbidities throughout life. Currently, cardiovascular diseases, diabetes and cancer account for 63% of deaths worldwide. Childhood overweight and obesity are probably the beginning of obesity in adult life and also the beginning of the development of noncommunicable diseases like diabetes and cardiovascular disease. Overweight and obesity are highly preventable chronic diseases, but the duration of obesity is a risk factor regardless of the BMI in adult life(7,8). There is a 2.5 times greater risk of mortality for every two decades of an individual?s obesity(7).All the comorbidities associated with obesity can have consequences that extrapolate the individual?s body and reach collective health when the obese person treats his/her chronic diseases in the public health system, resulting in an extra cost for the disease treatment. Thus, considering the environmental factors, including nutrition and physical activity, and the role of enlightening parents and society about healthy food choices as well as all the emotional aspects involved in child nutrition, determinants of weight increase, there is an important need for public policies aimed at prevention of obesity in this age group in order to minimize the epidemiological consequences of chronic diseases caused by this condition.However, it is irrational not to talk about the psychological harms to obese children and adolescents. It is impossible to dissociate body weight from body image. At age two, the child?s body image is already formed. However, at age seven, the child begins to notice the dimensions of the body and is concerned about the changes occurring in it. By this moment, influenced by the group he/she is inserted or would like to be inserted, the relation between the child and nutrition changes and turns into a form of insertion(9).Thus, concerned with these questions about childhood obesity, the RBPS regularly presents articles containing coherent investigations in order to establish nutrition as a guarantee for health and disease prevention at this stage of personality development. It also encourages the search for interventions to promote healthy food choices that must be reinforced and comprehended by all the people who think of a future with less obese individuals and an increased number of healthy children.
Subject(s)
Full text: Available Index: LILACS (Americas) Main subject: Editorial Type of study: Risk factors Language: English / Portuguese Journal: Rev. bras. promoç. saúde (Impr.) Journal subject: Public Health Year: 2014 Type: Article Affiliation country: Brazil Institution/Affiliation country: Universidade de Fortaleza - UNIFOR/BR

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