Avaliação do neurodesenvolvimento de crianças expostas verticalmente ao vírus Zika assintomáticas ao nascimento e sua relação com o período de exposição durante a gestação / Evaluation of the neurodevelopment of children vertically exposed to the Zika virus who are asymptomatic at birth and its relationship with the period of exposure during pregnancy

RESUMO

No início de 2015 uma epidemia do vírus Zika emergiu no Brasil e desde então se iniciou uma grande discussão sobre a síndrome congênita e o tipo de malformações que poderiam ocorrer nos fetos expostos. Existem escassas informações na literatura acerca dos seus impactos no médio e longo prazo e da relação da gravidade das alterações no desenvolvimento com o período em que a exposição ocorreu. Alguns neonatos se mostram assintomáticos ao nascimento e pouco se sabe sobre os danos neurológicos tardios. O objetivo deste projeto foi avaliar o neurodesenvolvimento destes lactentes expostos e assintomáticos, relacionando as alterações encontradas ao período gestacional em que ocorreu a exposição. Foi realizado um estudo prognóstico com uma coorte em seguimento que faz parte de um pré-projeto já aprovado pelo Comitê de Ética da instituição. A avaliação do neurodesenvolvimento dos lactentes foi realizada aos 12 meses de vida pela Escala de Desenvolvimento Infantil de Bayley 3a Edição e os resultados foram correlacionados com o trimestre gestacional em que houve exposição ao vírus. Foram incluídos no estudo 97 recém-nascidos e 36.1% deles apresentaram alterações de pelo menos um domínio avaliado, sendo que em 91,4% estas alterações corresponderam ao domínio da linguagem. Verificamos que houve uma distribuição homogênea dos escores anormais por trimestres de gestação, com uma discreta predominância nas infecções do primeiro trimestre. Observamos um maior comprometimento no domínio da linguagem com a média das pontuações no limite inferior de normalidade. Este achado pode ser um indicador de possível comprometimento cognitivo, reforçando a importância de um acompanhamento minucioso do neurodesenvolvimento destas crianças e o desenvolvimento de mais estudos que avaliem este comportamento no longo prazo.

ABSTRACT

An epidemic outburst of Zika virus emerged in Brazil in the beginning of 2015. With the emerging cases came a lot of discussion about its congenital syndrome and the type of malformations the fetuses could present. There is a small amount of data on the literature regarding the medium and long-term outcomes, and also of the correlation between the severity of the development abnormalities with the time of infection during pregnancy. Some Zika virus exposed newborns present a severe neurologic disability resulting in an important developmental delay. However, others were asymptomatic at birth and little is known regarding possible future neurological damages. The aim of this study was to analyze the neurodevelopment outcome on these exposed and asymptomatic newborns, correlating the abnormalities found with the time at which the exposition occurred in utero. A prognostic study was performed in a cohort that is being followed as part of a project already approved by the Ethics Committee of the institution. The newborns were evaluated at 12 months of life with the Bayley Scales of Infant and Toddler Development 3rd Edition. The results were correlated with the gestational trimester in which the infection occurred. A total of 97 newborns were included on the study; 36.1% have presented involvement in at least one domain evaluated by the Bayley Scales of Infant and Toddler Development 3rd Edition. From those affected infants, 91.4% presented some language delay. In conclusion, there was and even distribution of the abnormal scores when compared to the gestational period however, we could see a slight increase in the infection rate during the first trimester. We could also notice a bigger language involvement in our group of patients, since they showed an increasing of the abnormal score proportion within the normal range but closer to the inferior cut. This finding could be an indication of a future cognitive impairment, reinforcing the importance of a meticulous neurodevelopmental follow-up consults for this group of patients. It is also of great importance to encourage more studies that can access the long term consequences of the Zika virus infection.