Evolução eletrocardiográfica e sorológica de pacientes com doença de Chagas crônica acompanhados por seis anos após o tratamento com benzonidazol / Electrocardiographic and serological evolution of patients with chronic Chagas disease followed-up for six years after treatment with benzonidazole

RESUMO

Introdução: O tratamento com benzonidazol na fase crônica da doença de Chagas ainda permanece controverso. O presente estudo objetiva avaliar a efetividade da quimioterapia com benzonidazol em pacientes chagásicos crônicos por meio de análises sorológica e eletrocardiográfica. Método: Estudo prospectivo histórico, com acompanhamento eletrocardiográfico e sorológico pelos métodos imunoenzimático (ELISA) e de imunofluorescência indireta uma vez por ano, antes e após o tratamento, entre 2005 e 2011. No perfil sociodemográfico dos 30 pacientes acompanhados o predomínio era do sexo masculino, faixa etária entre 25-64 anos, com primeiro grau incompleto e em sua maioria agricultores. Resultados: A análise sorológica por ELISA demonstrou queda significativa da densidade óptica das amostras coletadas antes (2005) e após o tratamento com benzonidazol (2011). Em relação à imunofluorescência indireta, os pacientes se mantiveram inalterados durante o acompanhamento (variação de no máximo uma diluição entre as amostras basal e final). Na avaliação eletrocardiográfica, 76,2% (16/21) dos pacientes apresentaram manutenção dos laudos eletrocardiográficos ao longo do estudo. Conclusão: Foram observadas regressões nas análises sorológicas dos pacientes tratados com benzonidazol, acompanhados por 6 anos, além da manutenção dos padrões eletrocardiográficos iniciais na maioria dos casos, o que pode sugerir um efeito benéfico do fármaco no tratamento desses pacientes na fase crônica da doença de Chagas.

ABSTRACT

Background: Treatment with benzonidazole in the chronic phase of Chagas disease remains controversial. This study is aimed at evaluating the effectiveness of chemotherapy with benzonidazole in chronic Chagas disease using serological and electrocardiographic analysis. Method: Historical prospective study with electrocardiographic and serological monitoring by enzyme immunoassay (ELISA) and indirect immunofluorescence once a year, before and after the treatment, from 2005 to 2011. In the socio-demographic profile of the 30 patients followed-up, there was a prevalence of males, ages ranged between 25-64 years, incomplete school education and most of them farmers. Results: ELISA serology showed a significant decrease in the optical density of the samples collected before (2005) and after treatment with benzonidazole (2011). Indirect immunofluorescence demonstrated patients remained unchanged during follow-up (maximum variation of one dilution between the baseline sample and 2011). In the electrocardiographic assessment, 76.2% (16/21) of the patients maintained their electrocardiographic reports throughout the study. Conclusion: Patients treated with benzonidazole and followed-up for 6 years presented a regression in serological analysis and maintenance of their baseline ECG patterns in most cases, which may suggest a beneficial effect of the drug in the chronic treatment of Chagas disease.