Tratamento das feridas esofageanas intratorácicas recentes com retalho vascularizado de pericárdio: estudo experimental em suínos

RESUMO

A presente experimentação foi realizada com o intuito de se investigar a eficácia do retalho vascularizado de pericárdio confeccionado em suínos, objetivando-se evitar ou pelo menos diminuir as complicações decorrentes do tratamento das feridas esofageanas. Vinte e quatro animais, pesando entre 15 e 32kg, divididos em três grupos de 8 suínos, foram utilizados neste estudo. Nos três grupos, em cada animal, foi feita uma ferida padronizada de 1cm (medida pelo paquímetro), no terço médio do esôfago, no sentido longitudinal interessando toda a parede do órgão. No grupo I, cada ferida foi fechada com sutura simples em pontos totais e separados de prolene 4.0. No grupo II, foi utilizado um retalho vascularizado de 1,5 cm de largura por 4 cm de comprimento, pediculado, como substituto da parede esofageana e suturadas as bordas do retalho às bordas da ferida do esôfago, tendo-se o cuidado de não haver extravazamento de soro fisiológico, infundido no peroperatório por sonda esofageana, para se certificar que a sutura estava hermeticamente fechada. No grupo III, foi feito o fechamento de cadaferida esofageana com pontos totais e separados de prolene 4.0 e depois foi confeccionado com retalho semelhante ao do segundo grupo e suturado por cima da sutura esofageana também com fio de prolene 4.0, como um verdadeiro remendo biológico. Compararam-se os resultados obtidos nos três grupos utilizando-se os dados de necropsia e de exames histopatológicos. Foram concluídas a boa viabilidade do retalho vascularizado de pericárdio como elemento da inexistente serosa esofageana e a sua total incorporação à parede muscular do esôfago, contribuindo assim para uma boa cicatrização.

ABSTRACT

The present research was undertaken to investigate the effectiveness of the pericardial vascularized path fixed in pigs aiming at preventing or at least decreasing the recurrence of complications arising out of the treatment of the esophagus wounds. Twenty-four pigs, whose weights ranged from 15 to 32 kg, divided into three groups of eight pigs each, were used in this study. In each animal, in the three groups, a standardized 1-cm-wound was made longitudinally comprising the entire esophagus wall in the mid-third of the organ. A pachymeter was used to measure the wounds. In Group I, each wound was closed with simple suture, with total and separate stitches using prolene 4.0. In Group II, A 1.5 cm wide and 4.0 cm long pericardial vascularized patch was used as a substitute for the esophagus wall, by suturing the patch borders to the esophagean wound borders, with great care so that there was no leakage of saline solution injected during the operative phases through a tude, to make sure that the suture was hermetically sealed. In Group III, each wound was fixed with total and separate stiches using prolene 4.0 and, then, a patch similar to the one in group II, was made and sutured on esophageal suture using also 4.0 thread, as a true biological path. The results obtained in the three groups were compared by using histopathological exams and necropsy data. It was concluded that the pericardial vascularized path is viable as an element fot the nonexistent esophagean serosa and that it thoroughly incorporates into the muscular esophagus wall, thus boosting its cicatrisation.)