Contaminaçäo da dieta enteral em ambiente nosocomial / Contamination of enteral diets in nosocomial environment

RESUMO

O trato gastrointestinal é comparativamente resistente aos germes veiculados pela dieta, mas estudos recentes sugerem que infecçöes hospitalares podem ter início nesta rota. Uma investigaçäo efetuada com dietas industrializadas, preparadas com cuidados satisfatórios de assepsia, e armazenadas por até 24 horas, pesquisou contaminantes aeróbios e anaeróbios porventura presentes nestas preparaçöes. A sistemática de cultivo abrangeu amostras de 0h, 8h, e 24h, sendo que estas últimas foram alternativamente conservadas em temperaturas ambiente ou em geladeira. A cultura inicial já revelou 50% de positividade microbiana, porém parte desta contaminaçäo era devida as espécies de bacilos näo patogênicos. Após 8h e 24h os índices observados revelaram-se de ordem de 90%, ainda com presença expressiva de bacilos Gram negativos, ao lado de ratas bactérias Gram positivas. Durante o período da realizaçäo desta pesquisa näo se observaram episódios significativos de diarréia ou febre, que pudessem ser atribuídos à contaminaçäo relatada, nem se registraram situaçöes de bacteremia ou choque séptico em qualquer paciente sob nutriçäo enteral. Esta ausência de repercussöes clínicas para os achados laboratoriais em questäo näo é inesperada, e sugere baixas contagens para os microorganismos em tela, as quais näo atingiram concentraçöes críticas. Näo obstante, um grau de atençäo maior deverá ser dedicado ao controle de qualidade das dietas enterais, especialmente quando as bactérias Gram negativas multi-resistentes forem identificadas, ou quando a populaçäo tratada constitui-se de pacientes muito debilitados ou imunologicamente comprometidos