Uso de adesivos biológicos em anastomoses intestinais: estudo experimental em coelhos / The use of biologic glue in anastomosis: experimental study in rabbit

RESUMO

Foi realizado um estudo experimental em coelhos com o objetivo de comparar a resistência, os aspectos histológicos da cicatrizaçäo e as complicaçöes entre anastomoses intestinais confeccionadas com o adesivo de fibrina, com o adesivo de GRF e com fio de seda 6-0 em plano único de sutura extramucosa, com pontos separados. Cada anastomose teve como controle um segmento de alça intestinal intacta do mesmo animal. Foram operados 107 coelhos divididos em três grupos. No primeiro (seda-fibrina) foi confeccionada uma anastomose com fio de seda (As-F) e outra com adesivo de fibrina (AF) e constou de 47 animais. No segundo (seda-GRF) uma anastomose com fio de seda (As-G) e outra com adesivo de GRF (AGRF) e constou de 53 animais. No terceiro (imediato) uma anastomose com fio de seda, uma com adesivo de fibrina e outra com adesivo de GRF e constou de 7 animais. Nos três grupos as anastomoses localizavam-se em pontos pré-estabelecidos, ao nível do íleo terminal, alternando-se, em cada animal, a sequência do tipo de anastomose. O primeiro e o segundo grupos foram divididos em cinco subgrupos de sete animais. Cada subgrupo foi estudado após intervalos de 48h, 7, 14, 21 e 28d. Nos animais do terceiro grupo a avaliaçäo foi realizada imediatamente após a confecçäo das anastomoses. Os resultados foram comparados inter e intra grupos. A resistência dos segmentos intestinais contendo AF foi semelhante à dos segmentos contendo As-F após todos os intervalos estudados (p>0,05). A resistência dos segmentos contendo AGRF foi semelhante à dos segmentos contendo As-G imediatamente após a confecçäo das anastomoses, no 14§ e no 28§d (p>0,05) e menor após 48h, no 7§ e no 21§d (p<0,05). Os segmentos contendo AF tiveram maior resistência que os segmentos contendo AGRF no 7§, 14§, 21§ e 28§d (p<0,05). Os segmentos contendo AF e os segmentos contendo As-F tiveram resistência semelhante à dos segmentos controle a partir do 7§d e os segmentos contendo AGRF somente a partir do 14§d. A mortalidade global foi de 25,6 por cento no grupo seda-fibrina e 35,8 por cento no grupo seda-GRF (p>0,05). A formaçäo de aderências ocorreu em 48,9 por cento dos animais do grupo seda fibrina e 52,8 por cento dos animais do grupo seda-GRF (p>0,05). A incidência de semi-obstruçäo por estenose foi de 4,2 por cento nas AF e de 39,6 por cento nas AGRF (p<0,05). A reaçäo inflamatória inespecífica foi semelhante nos três tipos de anastomoses após 48h. No 7§d foi mais intensa nas AGRF e nas AS em relaçäo à observada nas AF (p<0,05). Continuou mais intensa nas AGRF nos demais intervalos (p<0,05) e foi semelhante nas AS e nas AF (p>0,05). A reaçäo inflamatória gigantocelular foi semelhante nos três tipos de anastomoses até o 21§d e mais intensa nas AGRF no 28§d (p<0,05). A produçäo de tecido de granulaçäo foi mais intensa nas AGRF no 14§ e 28§d (p<0,05) e semelhante à observada nas AF e nas AS, nos outros intervalos. Näo foi observada necrose nas AF imediatamente após sua confecçäo . O contrário ocorreu nas AGRF e nas AS (p<0,05). A intensidade da necrose foi menor nas anastomoses AF em relaçäo à observada nas anastomoses AGRF e nas AS após 48h e no 7§d (p<0,05) e maior nas AGRF a partir do 14§d (p<0,05). A produçäo de fibrina foi semelhante nos três tipos de anastomoses. Concluiu-se que as anastomoses intestinais com adesivos biológicos, em coelhos, säo viáveis e que o adesivo de fibrina sob os parâmetros estudados, apresentpou melhor desempenho que o do adesivo de GRF e, em alguns aspectos, também melhor que o do fio de seda. O adesivo de GRF, ao contrário, apresentou pior desempenho que o do fio de seda.