Acalasia idiopática do esôfago: análise de 25 casos / Idiopathic achalasia of the esophagus: analysis of 25 cases

RESUMO

A acalasia idiopática do esôfago (AIE), doença correspondente ao megaesôfago de etiologia chagásica, tem incidência desconhecida em nosso meio. Dentre 285 doentes portadores de megaesôfago tratados no HC/CM-Unicamp nos últimos 12 anos, foram identificados 25 casos (8,7 por cento), que puderam ser catalogados como portadores de AIE, considerando que apresentavam duas sorologias repetidas negativas para Chagas, nao nasceram nem nunca residiram em zona rural ou regiao endêmica da doença e nao apresentavam cardiopatia nem doença intestinal associadas. Eram 14 do sexo masculino, com idade variando de 14 a 63 anos (média de 32 anos). Em 16 casos (64 por cento) o tempo de história foi menor que um ano. A perda de peso ocorreu em 18 casos (72 por cento), variando de três a 16 quilos (média de 6,8kg). Os exames radiológicos pré-operatórios mostraram que oito casos eram de grau I, 13 de grau II, dois de grau III e um de grau IV. A manometria esofágica foi realizada em 13 casos no pré-operatório. O tratamento cir'rugico instituído foi a cardiomiotomia à Heller em 12 casos e em dois casos de reopeiraçao houve a remiotomia pela mesma técnica, todas seguidas de gastrofundoplicatura em três camadas, por via abdominal. O doente portador de megaesôfago de grau IV foi submetido a esofagectomia. A melhora da disfagia em todos os casos foi muito satisfatória. Concluem os autores que a AIE é certamente encontrada em nosso meio, à semelhança do que ocorre nos demais países onde a doença de Chagas inexiste, e o tratamento é idêntico ao do megaesôfago chagásico.