Hemodinâmica à beira do leito / Hemodynamic at the bedside

RESUMO

O desenvolvimento dos métodos de monitorização do quadro hemodinâmico dos pacientes graves gerou enorme desconforto nos intensivistas, pela percepção de que os parâmetros clínicos muitas vezes não expressam a realidade dos fatos, graças a inúmeros mecanismos de compensação que infelizmente nem sempre são suficientes. Apesar da introdução de inúmeros métodos ditos não-invasivos, permanece o uso do cateter de Swan-Ganz, adaptado para mensuração contínua e conjunta com a saturação venosa de oxigênio, como gold-standard da obtenção de dados mais confiáveis, e, se possível, conjuntamente com a tonometria gastrointestinal. Embora a literatura seja enfática em afirmar que o prognóstico dos pacientes com esse tipo de monitorização permace inalterado, retirar esse poderoso aliado de mais de trinta anos do intensivista seria retornar ao tempo em que as Unidades de Terapia Intensiva eram apenas locais de observação de pacientes graves tratados com parâmetros subjetivos. A obtenção dos dados hemodinâmicos no pós-operatório de cirurgia cardíaca respeita as mesmas indicações e obedece aos mesmos princípios de interpretação que nas demais doenças em que estão presentes dificuldades de estabilização circulatória; porém, pacientes com severa disfunção ventricular que serão submetidos a intervenções cirúrgicas devem ter esses parâmetros conhecidos no pré-operatório e também pelo médico que os assistirá após a intervenção. Cabe, portanto, a esse intensivista não somente a escolha dos pacientes que devem ser monitorizados, como também o aperfeiçoamento da interpretação dos dados obtidos, uma vez que a grande quantidade de informações pode gerar mais erros que acertos.