A percepção pública de transtornos mentais na cidade de São Paulo / Public perception of mental disorders in the city of São Paulo

RESUMO

Objetivos: Avaliar a percepção pública de quatro transtornos mentais (esquizofrenia, depressão, dependência alcoólica e demência) e verificar sua associação com variáveis sócio-demográficas. Método: Inquérito domiciliar com uma amostra representativa da cidade de São Paulo (n=2000), com idade entre 18 e 65 anos. Foram utilizadas vinhetas descrevendo, em linguagem coloquial, indivíduos com um dos diagnósticos referidos (segundo o DSM-IV e a CID-10) e um questionário estruturado com questões sobre a vinheta. Cada entrevistado respondeu questões relativas a apenas um dos transtornos. Realizou-se análise estatística por meio do teste do qui-quadrado para avaliar a associação com variáveis sócio-demográficas (gênero, idade, religião, escolaridade, classe sócioeconômica). Resultados: A depressão e a esquizofrenia foram identificadas, principalmente, como problemas de saúde mental; a demência, principalmente, como problema cerebral ou neurológico e a dependência alcoólica como problema relacionado ao abuso de álcool. A esquizofrenia foi o quadro mais reconhecido como doença mental. Em relação ao tratamento, a população recomendou preferencialmente a ajuda psicológica e atividades gerais, não profissionais, para todos os transtornos. Tratamentos médicos foram menos recomendados. Causas psicossociais foram as mais valorizadas para todos os transtornos. Os entrevistados acreditam que os transtornos são problemas graves e freqüentes, porém com prognóstico favorável com tratamento. Acreditam, ainda, que estes transtornos provocariam reações negativas em seu meio social, relacionando-os a um elevado risco de violência, especialmente em relação à dependência alcoólica. Todos os fatores sócio-demográficos avaliados mostraram associação estatisticamente significante com diversos aspectos da percepção dos transtornos. Conclusão: Os transtornos mentais avaliados foram percebidos pela população como problemas importantes, porém passíveis de tratamento e com bom prognóstico. No entanto, foram relacionados a reações negativas na sociedade e a risco de violência. A percepção pública de transtornos mentais foi influenciada pelos aspectos sócio-demográficos estudados