Jovens pentecostais e espíritas em comparação a católicos: uso de álcool e drogas e saúde mental / Mental health and drug use among catholic, pentecostal and spiritualist youth

RESUMO

Introdução: Nas últimas décadas, o Brasil, que era quase exclusivamente católico, transformou-se num país com múltiplas denominações religiosas. O impacto dessas recentes mudanças sociorreligiosas sobre a saúde mental e o uso de substâncias psicoativas ainda não foi devidamente estudado. Objetivo: Verificar se e como as afiliações religiosas católica, evangélica pentecostal e espírita influenciam a saúde mental e o uso de álcool e drogas entre jovens estudantes de 1º e 2º graus. Métodos: Estudo transversal com uma técnica de amostragem do tipo intencional, utilizando questionário anônimo de autopreenchimento sobre uso de álcool e drogas (tabaco, solventes, maconha, cocaína, ecstasy e medicamentoo) e, para sintomas psicopatológicos, o General Health Questionnaire (GHQ-12). Foram entrevistados 1.796 estudantes de escolas públicas e particulares de Campinas, São Paulo, em 1998. Utilizaram-se, na pesquisa estatística, análises bivariadas e o método multivariável análise de correspondência. Resultados: Os três grupos religiosos diferiram consistentemente entre si. Os evangélicos foram os que menos usaram tabaco, álcool e drogas ilícitas e que tiveram menor pontuação no GHQ-12, e os espíritas foram os que mais utilizaram as substâncias e que tiveram maior pontuação no GHQ-12. Os católicos situaram-se em posição intermediária. Conclusões: Os dados deste estudo indicam que a afiliação religiosa, no contexto sociocultural brasileiro, é importante fator associado tanto ao uso de tabaco, álcool e drogas ilícitas, como à súde mental. Os evangélicos pentecostais usam significativamente menos drogas, e isso pode estar relacionado a serem envolvidos em normas e valores mais restritivos em relação ao uso de substâncias psicoativas.