Ética em psicoterapia de orientação analítica / Ethics in psychoanalytical psychotherapy

RESUMO

Neste trabalho, os autores discutem a ética em psicoterapia, como um diálogo através de dois vértices. O primeiro vértice se desenvolve a partir das idéias de Meltzer e de Bion e entende que o consentimento contratado para a intimidade delimita fronteiras éticas. A violação de fronteiras físicas e /ou mentais no âmbito da psicoterapia é equiparada à violência. A falha ética é entendida como ato de violência. São comentados alguns possíveis mecanismos que levam à falta ética, lembrando que a base para a ocorrência de violação das fronteiras combinadas pode residir na revivescência de aspectos infantis da atitude curiosa do terapeuta em relação à cena primária. Salienta-se o papel do analista como guardião do setting. O segundo vértice referenda as idéias inicialmente postas, sustentando que ética e técnica caminham de mãos dadas. Alerta, no entanto, quanto à expectativa de um modelo ideal. Admite que, sob determinadas situações, podem ser cometidas falhas técnicas no trabalho psicoterapêutico. Nestas condições, o tratamento vive momentos estéreis. Este vértice observa o risco de idealizar a figura do psicoterapeuta. Considerando permanentemente a ação de forças inconscientes que atuam no campo analítico, a atitude esperada do terapeuta deve ser a de constante vigilância