Eco-epidemiologia e manifestações clínicas da coccidioidomicose nos Estados do Piauí e do Maranhão / Echo-epidemiological and clinical manifestations of coccidioidomycosis in the States of the Piauí and the Maranhão

RESUMO

Foi realizado estudo retrospectivo e prospectivo sobre aspectos clínicos e epidemiológicos de todos os pacientes com diagnóstico laboratorial de coccidioidomicose procedentes dos Estados do Piauí e do Maranhão no período de 1978 a 2007. Foram estudados cem casos da doença, procedentes de 43 municípios piauienses (94 casos) e cinco municípios maranhenses (seis casos). A maioria dos casos ocorreu em homens (97 por cento), de etnia parda ou negra (78 por cento), com mediana de idade de 30 anos, lavradores (58 por cento) e com escolaridade média de 3,2 anos. A micose ocorreu na forma de 51 casos isolados e de 15 microepidemias envolvendo 49 pacientes. A principal atividade de risco identificada foi exposição à poeira de habitat de tatus (Dasypus spp.) durante caçada a esses animais (87 por cento). A maioria dos pacientes foi diagnosticada através de exame micológico direto (KOH 10 por cento) e de cultivo de escarro, positivos em 86,8 por cento e 88,9 por cento, respectivamente, dos indivíduos testados. Todos os pacientes apresentaram comprometimento pulmonar, a maioria na forma pulmonar aguda (81 por cento). Tosse (93 por cento), febre (90 por cento) e dor torácica (72 por cento) foram os sintomas predominantes. Padrão nodular múltiplo foi a alteração mais frequente, tanto no radiograma simples (86,3 por cento) quanto na tomografia computadorizada de tórax (91,3 por cento). Manifestações de hipersensibilidade cutânea ocorreram em 19 por cento dos pacientes, sendo eritema nodoso a mais frequente. Sete pacientes (7 por cento) apresentaram disseminação extrapulmonar, acometendo pele e TCS (3 por cento), SNC (2 por cento), glânglios linfáticos periféricos (2 por cento) e sistema ósteo-articular (1 por cento). Os fatores de risco identificados para disseminação foram etnia indígena e sexo feminino. Evolução para cura foi observada em 91 por cento dos casos. A letalidade foi de 8 por cento, sendo etnia indígena, disseminação para SNC e pneumonia grave os fatores de risco para óbito...Piauí.