Esquistossomose genital feminina: estudo clínico e patológico de 14 casos / Female genitalia schistosomiasis: clinical and pathological study of 14 cases

RESUMO

O autor tece consideraçöes sobre a esquistossomose genital feminina, apresentando um estudo retrospectivo de 14 casos assim distribuídos colo do útero (5), corpo do útero (2), endométrio (1), parede vaginal (1), vulva (1), ovário (3) e lesäo pélvica difusa (1). Faz referências especiais aos casos nos quais as lesöes esquistossomóticas tiveram repercussöes clínicas. Discute a possibilidade do ovo de S. mansoni levar ao aparecimento de crescimento maligno muito embora sejam poucas as evidências neste sentido. A esquitossomose mansônica ou doença de Manson-Pirajá da Silva tem sido mais conhecida através de suas repercussöes em vísceras relacionadas direta ou indiretamente ao sistema venoso porta. Os parasitas amadurecem geralmente nas pequenas ramificaçöes, intra-hepáticas terminando por se alojarem em ramos das veias mesentéricas. Os quadros clínicos mais comumente observados se associam ao envolvimento intestinal (7) e hepático (1,5). A extensa deposiçäo de ovos de S. mansoni nos espaços periportais leva à formaçäo de inúmeros granulomas ou pseudo-tubérculos esquistossomóticos (imunogranulomas) com variado grau de fibrose estromal, obstruçäo vascular e hipertensäo portal. A fibrose tem sido por vezes observada no pâncreas, sucedendo-se a deposiçäo de ovos do parasita. Num dos casos por nós observado, a fibrose era täo extensa a ponto de destruir grande parte do parênquima do órgäo, com envolvimento inclusive das ilhotas de Langerhans (22). A embolizaçäo de ovos de S. Mansoni através da artéria pulmonar ou pelos canais anastomóticos intra-hepáticos pré-existentes leva ao estabelecimento de importantes lesöes vasculares pulmonares (6, 10, 13, 15). Os ovos embolizados chegam aos pulmöes onde säo retidos nas arteriolas pulmonares (vasos cujos diâmetros variam de 50 a 200 micra)...