Avaliação pulmonar na esquistossomose mansônica hepatoesplênica: estudo clínico, radiológico, cintilográfico, funcional e laboratorial / Evaluation in hepatosplenic schistosomiasis mansoni lung: clinical, radiological, scintigraphic and functional laboratory

RESUMO

A esquistossomose mansônica é uma doença que atinge 12% da população brasileira. A infecção aguda pelo Schistosoma mansoni pode causar um quadro respiratório quando da passagem larvária pelos pulmões e durante a fase crônica da doença, estes podem novamente ser afetados. Na fase crônica, as lesões pulmonares ocorrem por obstrução do sistema venoso portal pelos ovos do Schistosoma mansoni, suficientes para produzir hipertensão portal. Os ovos retomam aos pulmões via colaterais porto-cava que aparecem na vigência da hipertensão portal. Há outras teorias que preconizam que as alterações nesta forma possam também se dever à ocorrência de reações imunes locais pela presença dos ovos, produzindo uma alveolite. Referências sobre o envolvimento pulmonar na fase crônica da doença são principalmente restritos às alterações vascularcs c aparecimento de cor pulmonale devido à embolização dos ovos na vasculatura pulmonar, ou relatos isolados de um possível comprometimento granulomatoso pulmonar com acometimento intersticial, sem uma investigação ou caracterização sistematizada de acometimento do interstício pulmonar. Nós estudamos a dimensão do envolvimento pulmonar na esquistossomose mansônica hepatoesplênica. Um grupo de 39 doentes, 22 homens e 17 mulheres com idade entre 17 a 67 anos se encontrava na fase crônica da forma hepatoesplênica. Somente 4 eram fumantes, e a grande parte dos pacientes (50%) não apresentava queixas respiratórias 38% apresentavam dispnéia, 23% dor torácica, e 12 % tosse sêca, considerando cada queixa isoladamente (vários apresentavam mais de um sintoma). Nenhum deles apresentava cianose ou baqueteamento dos dedos. Quase todos os pacientes (35 deles) já tinham sido tratados com droga específica para a doença. Para a elucidação do compromentimento pulmonar foram utilizados exames que propiciam uma avaliação fina do parênquima tomografia torácica de alta resolução, mapeamento pulmonar com gálio-67, lavado broncoalveolar, prova de função pulmonar completa com difusão e gasimetria além do raio X simples de tórax. O ecocardiograma foi usado para avaliar hipertensão pulmonar. Foram também estudados exames imunológicos. A tomografia de tórax mostrou um espessamento da vasculatura pulmonar em 38 pacientes, 79,5% dos quais também com sinais de comprometimento intersticial...