Projetos terapêuticos: uma construção coletiva para a prática do enfermeiro na estratégia saúde da família / Therapeutic projects: a collective construction for the nursing practice in the family health strategy

RESUMO

Neste estudo, fundamentado na aproximação de um referencial teórico-metodológico híbrido entre pesquisa-ação e a Teoria da Intervenção Práxica da Enfermagem em Saúde Coletiva (TIPESC), buscou-se defender que o Projeto Terapêutico Singular (PTS), como atenção à saúde e organização das práticas de cuidado, favorece o desenvolvimento de projetos de intervenções terapêuticas pelo enfermeiro no campo da saúde coletiva e pode, assim, subsidiar a reflexão sobre um projeto de Enfermagem nesse campo de atenção. A apreensão dos dados empíricos realizou-se por meio da triangulação de coleta de dados a partir da entrevista semiestruturada com 12 enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família (ESF) do município de Maricá (RJ), análise documental do Plano Municipal de Saúde ‒ 2014/2017 e diário de campo do acompanhamento de seis reuniões de equipe da ESF na construção do PTS. A partir deste estudo, confirmou-se a tese de que o PTS favorece o desenvolvimento de projetos de intervenções terapêuticas pelo enfermeiro no campo da saúde coletiva ao desenvolver, como organizador do PTS, visão crítica e reflexiva sobre os determinantes do processo saúde-doença na atenção à saúde e na organização das práticas de cuidado. Quanto às intervenções necessárias para subsidiar a reflexão sobre um projeto de Enfermagem no município de Maricá (RJ), os enfermeiros indicaram intervenções relacionadas às dimensões particular, singular e estrutural. A partir destes resultados, apresentou-se, como síntese, a compreensão de como o PTS pode subsidiar a reflexão de um projeto de Enfermagem no campo da saúde coletiva na atenção à saúde e na organização das práticas de cuidado. Neste sentido, acredita-se que alguns impactos podem ser esperados a partir do desenvolvimento do PTS na prática de cuidado do enfermeiro aumento da qualidade do cuidado prestado ao sujeito, à família e grupos populacionais; organização dos serviços de saúde, a partir de uma nova lógica de cuidado; legitimação do trabalho em equipe e reconhecimento profissional do enfermeiro na saúde coletiva.

ABSTRACT

The present study was based on a hybrid theoretical and methodological framework between action research and the theory of praxis intervention in collective health nursing (TIPESC). Its aim was to advocate that, as a form of health care and organizing health practices, the singular therapeutic project (STP) favors the development of therapeutic intervention programs by nurses in the field of collective health and can thus substantiate reflections about a nursing program in this field of care. Empirical data were gathered via data triangulation, based on a semi-structured interview with 12 family health strategies (FHS) in the municipality of Maricá (RJ), document analysis of the Municipal Health Plan 2014/2017, and a field journal of six FHS team meetings to construct STP. Based on this study, we confirmed the thesis that STP favors the development of nursing therapeutic programs in the field of collective health by developing a critical and reflexive viewpoint about the determinants of the health-illness process in health care and the organization of health practices. Regarding the interventions needed to underpin the reflection about a nursing program in the municipality of Maricá (Rio de Janeiro), the nurses indicated interventions related to particular, singular and structural dimensions. Based on these results, we present a synthesis on how STP can substantiate reflections about a nursing program in the field of collective health in terms of health care provision and in the organization of health practices. In this sense, we believe that some possible impacts of STP on the practice of nursing care are increased quality of care provision to individuals, families and population groups; organization of health services, based on a new logic of care; legitimization teamwork and professional recognition of nurses in collective health.