Estudo pré-clínico e clínico das açöes antiinflamatória e analgésica do eupatorium laevigatum, em abordagem fitoterápica, no tratamento da estomatite ulcerada simples, a partir da medicina tradicional do cerrado brasileiro

RESUMO

O E. laevigatum é uma planta silvestre muito comum no Cerrado brasileiro, amplamente utilizada pela medicina popular no tratamento das lesões ulcerativas caracterizadas por inflamação e dor, como das aftas bucais, doença que chega a afetar 50 por cento da população em geral. Seus mecanismos etiopatogênicos não se encontram completamente esclarecidos e os tratamentos atuais são relativamente mal sucedidos. Esta pesquisa pretendeu avaliar o tratamento da estomatite ulcerada simples, o tipo mais comum das aftas, mediante a utilização da planta medicinal E. laevigatum, desenvolvendo ensaios toxicológicos e farmacológicos, de natureza pré-clínica e clínica, a partir de um estudo etnofarmacobotânico, onde foram analisados o bioma Cerrado e a medicina tradicional existente em algumas comunidades históricas da região Centro Oeste. Considerando os resultados farmaco-toxicológicos pré-clínicos, verificou-se que os extratos do vegetal são pouco tóxicos a atóxicos. Adicionalmente, os extratos demonstraram ter ações antiinflamatória e analgésica significativas em roedores, reunindo dados que justificaram a realização de ensaios clínicos em seres humanos para a verificação das ações terapêuticas deste vegetal. Para a fase clínica do estudo, manipulou-se uma pasta fitoterápica contendo extrato alcoolico do vegetal. O estudo em seres humanos sadios confirmou a baixa toxicidade verificada nos ensaios pré-clínicos, estabelecendo maior segurança para uso em humanos a curto prazo, e demonstrou as ações antiinflamatória e analgésica da pasta fitoterápica em pacientes afetados por estomatite ulcerada simples. No ensaio clínico randomizado e duplo-cego, o fitoterápico apresentou completa resolução da úlcera em 40 por cento dos paciente e alívio da dor em 70 por cento deles, contra apenas 26,7 por cento e 33,3 por cento, respectivamente, dos pacientes tratados com triancinolona. Face aos resultados favoráveis deste estudo, recomenda-se que outras avaliações sejam feitas com o E. laevigatum, em estudos farmacológicos multicêntricos