Determinaçäo do risco de infecçäo tuberculosa em populaçäo com alta cobertura vacinal pelo BCG

RESUMO

A hipersensibilidade tuberculínica induzida pelo BCG e por infecçöes com microbactérias näo tuberculosas prejudicam a interpretaçäo do teste tuberculínico, limitando o seu uso na detecçäo de infecçäo pelo M. Tuberculosis. A prevalência de infecçäo tuberculosa em populaçöes em que a sensibilidade tuberculínica inespecífica é comúm, pode ser determinada comparando, em cada indivíduo, as reaçöes ao PPD antes e depois da vacinaçäo BCG, e classificando como infectados pelo M. tuberculosis aqueles em que näo houver aumento da sensibilidade tuberculínica no teste pós-vacinal. Este método foi aplicado em uma amostra de 1721 escolares de 6 a 10 anos de idade, de uma área do Municícpio do Rio de Janeiro, onde a cobertura vacinal por BCG tem sido alta nos últimos anos. Os resultados sugerem que o método é válido para a abordagem de populaçöes vacinadas com BCG, mas que a precisäo das estimativas é comprometida pela variabilidade própria dos procedimentos envolvidos, pela interferência da infeçäo por microbactérias näo tuberculosas, e quando a prevalência de infecçäo é baixa. A proporçäo de infectados nesta amostra - 4,131 foi comparada com a de outro estudo feito na mesma regiäo em 1970, indicando uma reduçäo de 7,6% ao ano, na incidência de infecçäo. O risco anual de infecçäo tuberculísa em 1986 foi de 0,35% ou 0,51% conforme o modelo matemático adotado. Ambos os valores säo menores do que as estimativas oficiais e do que os que correspondem a incidência de casos modificados, possivelmente, em razäo de erros metodológicos, imprecisöes dos dados de notificaçäo, associaçäo do risco de infecçäo com a idade e/ou especificadade da área estudada