Your browser doesn't support javascript.
loading
O estranho, o duplo, e a possibilidade de uma relação amorosa genuína / The uncanny, the double, and the possibility of a genuine loving relationship / El extraño, el doble y la posibilidad de una relación de amor genuina / L'étrange(r), le double, et la possibilité d'une relation amoureuse authentique
Castelo Filho, Claudio.
  • Castelo Filho, Claudio; Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. São Paulo. BR
J. psicanal ; 52(97): 51-66, jul.-dez. 2019. ilus
Artigo em Português | INDEXPSI, LILACS | ID: biblio-1114944
RESUMO
O autor vale-se inicialmente de experiências pessoais de sua vida e de análise para desenvolver o tema do estranho/duplo, tal como referido no texto "The uncanny", de Freud. Discorre sobre a dificuldade de tolerarmos o encontro com o estranho-inquietante que somos nós mesmos, com quem vamos deparando na experiência analítica, e a perplexidade trazida por ele - ou melhor, eles, pois não somos apenas um outro, mas muitos outros no grupo que nos constitui. Tal como destaca Bion em seu livro A memoir of the future, somos um grupo de estranhos, como tiranossauro, ameba, somitos, aristocratas, homem primitivo assassino e brutal, astrofísico, prostituta, diabo, sacerdote, vilão de ficção, fanáticos religiosos etc. O trabalho do analista seria única e exclusivamente apresentar e intermediar o encontro de um indivíduo com ele mesmo, ou seja, com estranhos que vão surgindo a cada sessão ou a cada momento da análise. A possibilidade de acolher e assimilar esses estranhos, desde os mais brutais e violentos aos mais amorosos e sofisticados permitiria ao indivíduo equipar-se para manejar de forma realista seus aspectos virulentos e instrumentar-se com eles, pois, na falta deles, torna-se incapaz de lidar com as situações internas e externas de modo favorável, arriscando até mesmo sua própria sobrevivência. Uma relação genuinamente amorosa de uma pessoa com ela mesma só seria possível com o reconhecimento e aceitação de tudo o que seria ela mesma, por mais que possa lhe parecer assustador. Sua condição para estabelecer vínculos igualmente genuínos e amorosos com terceiros estaria intimamente ligada a essa possibilidade de casar-se consigo própria, seja lá o que isso venha a ser.
ABSTRACT
The author begins considering his personal experiences in his private life and in analysis to develop the work concerned with the uncanny/double, as it was first mentioned by Freud in his work "The uncanny". He writes about the difficulties we have to tolerate the encounter with the perplexing uncanny-disturbing double that are ourselves as we face him in analysis. He enhances that we are not only one stranger to ourselves, but many, constituting a group or more frequently an agglomerated of characters as pointed out by Bion in his book "A Memoir of the Future" constituted by aspects that are very primordial and primitive (Amoeba, T. Rex, somites etc.) and very sophisticated ones (astronomer, great poets, psychoanalyst...) that present themselves in the course of the analysis. The analyst's task would be to present one to oneself and to intermediate this encounter with the various characters that constitute us in order to allow the assimilation of these aspects. Their recognition and acceptance would make possible the development of a real capacity to deal and manage them either intrapsychically or in everyday life in a favorable way. The absence of recognition of our violent and greedy aspects is risky because a naïf outlook is a danger to our survival. If recognized and accepted they can be turned into important tools if the person is also capable of true love and capacity to repair. Someone's real genuine and loving relationship to oneself is possible only with the acceptance of everything that constitutes him/her, even though this might be a frightening experience. This is also the main condition to have a real and loving relationship with other people.
RESUMEN
El autor inicialmente se basa en experiencias personales de su vida y análisis para desarrollar el tema del extraño/doble, como se menciona en el texto "The uncanny" de Freud. Discute la dificultad de tolerar el encuentro con el extraño inquietante que nosotros mismos estamos encontrando en la experiencia analítica y la perplejidad que él, o más bien ellos, porque no somos solo otro sino muchos otros en el grupo que nos constituye, como señala Bion en su libro Una memoria del futuro, desde los aspectos más primordiales (como Amoeba, Tyrannosaurus Rex, somitas etc.) hasta los más sofisticados (astrofísico, grandes poetas, psicoanalistas ...). El trabajo del analista consistiría única y exclusivamente en presentar y mediar el encuentro de un individuo consigo mismo, es decir, con los extraños que emergen en cada sesión o en cada momento del análisis. La posibilidad de acoger y asimilar a estos extraños, desde los más brutales y violentos hasta los más amorosos y sofisticados, permitiría al individuo equiparse para manejar de manera realista sus aspectos virulentos e instruirse con ellos, ya que en su ausencia se vuelve incapaz de lidiar favorablemente con situaciones internas y externas, incluso arriesgando su propia supervivencia. Una relación genuinamente amorosa con uno mismo solo sería posible con el reconocimiento y la aceptación de todo lo que sería uno mismo, por más aterrador que parezca. Su condición para establecer vínculos igualmente genuinos y amorosos con los demás estaría estrechamente relacionada con esta posibilidad de casarse con ella, sea lo que sea.
L'auteur s'appuie d'abord sur des expériences tirées de sa vie et de son analyse personnelles pour développer le thème de l'étrange(r)/double, évoqué dans le texte de Freud intitulé "The uncanny". Il aborde la difficulté de tolérer la rencontre avec l'inconnu-troublant qui est le soi-même qui nous est presenté dans l'expérience analytique et la perplexité qu'il - ou plutôt eux, car nous ne sommes pas simplement un autre mais beaucoup d'autres qui forment le groupe qui nous constitue, tel que le souligne Bion dans son livre A memoir of the future - nous déclanche. Ce groupe est formé des aspects les plus primordiaux (tels que Amoeba, Tyrannosaurus Rex, somites etc.) jusqu'aux plus sophistiqués (astrophysicien, grands poètes, psychanalyste etc.). Le travail de l'analyste serait uniquement et exclusivement de présenter et de servir d'intermédiaire pour la rencontre d'un individu avec lui-même, c'est-à-dire, avec les inconnus qui émergent à chaque session ou à chaque moment de l'analyse. La capacité de recevoir chez soi et d'assimiler ces étrange(r)s, des plus brutaux et violents aux plus aimants et sophistiqués, permettrait à l'individu de s'équiper pour gérer de manière réaliste ses aspects virulents et de s'instrumenter avec eux, car en leur rejetant et en les ignorant, il devient incapable de gérer les situations internes et externes de manière favorable, voire risquer sa propre survie. Une relation véritablement amoureuse avec soi-même ne serait possible qu'avec la reconnaissance et l'acceptation de tout ce qui serait le soi-même, aussi effrayant que cela puisse paraître. Sa condition pour établir des liens authentiques et amoureux avec les autres serait étroitement liée à cette possibilité de se marier avec soi-même, n'important ce que cela puisse se révéler.
Assuntos

Texto completo: DisponíveL Índice: LILACS (Américas) Assunto principal: Psicanálise Idioma: Português Revista: J. psicanal Assunto da revista: Psiquiatria Ano de publicação: 2019 Tipo de documento: Artigo País de afiliação: Brasil Instituição/País de afiliação: Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo/BR

Similares

MEDLINE

...
LILACS

LIS

Texto completo: DisponíveL Índice: LILACS (Américas) Assunto principal: Psicanálise Idioma: Português Revista: J. psicanal Assunto da revista: Psiquiatria Ano de publicação: 2019 Tipo de documento: Artigo País de afiliação: Brasil Instituição/País de afiliação: Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo/BR