Vitamina D, hipertensão e acidente vascular cerebral isquêmico em 116 655 indivíduos da população em geral: um estudo genético / Vitamin D, hypertension, and ischemic stroke in 116 655 individuals from the general population: a genetic study

RESUMO

Os pacientes com deficiência de vitamina D têm maior morbidade e mortalidade cardiovascular (CV). Estudos observacionais indicaram que baixas concentrações plasmáticas de vitamina D (25 (OH) D) no plasma, usualmente utilizadas para avaliar o status da vitamina D, estão associadas com pressão arterial (PA) aumentada, hipertensão e acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico embora ainda não esteja esclarecido se essas associações são causais. Além disso, um estudo mendeliano randomizado mostrou um risco aumentado de hipertensão com a vitamina D geneticamente baixa. Entretanto, estudos clínicos randomizados demonstraram um efeito menor ou nenhum da suplementação de vitamina D na redução da PA e risco de doença CV. O presente estudo avaliou um total de 116 655 indivíduos brancos descendentes de dinamarqueses da população geral que foram submetidos à genotipagem para variantes genéticas DHCR7 e CYP2R1 afetando concentrações plasmáticas de vitamina D; 35517 tinham dosagens plasmáticas da vitamina D. Os desfechos primários foram PA, hipertensão arterial e AVC isquêmico. O acompanhamento médio (mediana) do AVC isquêmico incidente foi de 9,3 anos (variação de 1 dia a 33,6 anos). O escore do alelo DHCR7 / CYP2R1 foi como esperado associado à menor concentração de vitamina D (F = 328 e R2 = 1,0%). Os desfechos clínicos foram separados em três categorias conforme a concentração de vitamina D <25 nmol/L (deficiência), 25-49 nmol/L (insuficiência) e níveis normais de vitamina D (≥ 50 nmol/L). Todas as análises foram ajustadas por idade, sexo, nível escolaridade. Análise observacional foi ajustada para condição de tabagismo, tabagismo cumulativo, consumo de álcool, tempo de lazer, atividade física, índice de massa corpórea, renda, diabetes, relação do não HDL com o HDL-colesterol, antecedentes familiares de AVC (pais) e fibrilação atrial, mês e ano da amostra de sangue. As características dos indivíduos incluídos no estudo observacional e genético foram comparáveis. Concentrações decrescentes de vitamina D menores que 50 nmol/L apresentaram aumento quase linear na PA, hipertensão arterial e AVC isquêmico. Uma concentração de vitamina D inferior a 10 nmol/L geneticamente determinada foi associada com aumento de 0,68 (intervalo de confiança de 95% [IC], 0,20-1,17) mmHg na PA sistólica e com aumento de 0,36 (95% IC, 0,08­0,63) mmHg na PA diastólica com estimativa observacional correspondente de 0,58 (95% IC, 0,50-0,68) e 0,40 (95% IC, 0,35-0,45) mmHg. O odds ratio para hipertensão arterial foi de 1,02 (IC 95%, 0,97-1,08) para uma concentração de vitamina D inferior a 10 nmol/L geneticamente determinada com um correspondente odds ratio observacional de 1,06 (95% IC, 1,05- 1,07). O odds ratio para AVC isquêmico foi de 0,98 (IC 95%, 0,86-1,13) para uma diminuição de 10 nmol/L geneticamente determinada de vitamina D com uma odds ratio observacional correspondente de 1,03 (95% IC, 1,01-1,05). Baixa concentrações genética e observacional de vitamina D foram associadas com PA mais alta, assim como com hipertensão arterial consistente com relações causais. Como a baixa concentração de vitamina D observacional, mas não genética, foi associada ao AVC isquêmico, e como os ICs se sobrepõem, os autores não puderam apoiar nem excluir uma relação causal