Infecção por HIV e sífilis: estudo comparativo entre a prostituição viril e travestida na cidade de São Paulo

RESUMO

Foi realizado um estudo transversal, como etapa inicial de um estudo de coorte, com 233 travestis e 67 miches, recrutados por seus pares em áreas de prostituição da região metropolitana da cidade de São Paulo, que teve por objetivos determinar a prevalência de Sífilis e da infecção por HIV e sua caracterização quanto aos aspectos socio-demográficos, a atividade sexual, ao uso de drogas, ao conhecimento de AIDS e a pratica de sexo seguro entre os prostitutos.A coleta de dados ocorreu no período de janeiro de 1992 a maio de 1994, sendo baseada em entrevista e coleta de sangue.A amostra foi constituida por adultos jovens, de baixa escolaridade, em sua maioria migrantes da região Nordeste e residente há menos de cinco anos na cidade, que subsistem praticamente, da atividade de prostituição, exercida há 3,5 anos por miches e há 5,7 anos por travestis.Os miches referiam mais pratica heterossexual e mais sexo anal receptivo do que insertivo, apesar de altos índices de todas as praticas.A referência de uso de drogas injetáveis e abaixo da expectativa para o tipo de população.Os dois grupos referem usar preservativos em apenas 15 por cento das relações com parceiros fixos e em 50 por cento com clientes.Os resultados mostram que a frequencia de Sífilis foi de 31,3 por centooe 51,5 por cento e da infecção por HIV de 31,3 por cento e 51,1 por cento, respectivamente em miches e travestis, com 63,1 por cento de HIV + entre os VDRL + e de 32,1 por cento entre os VDRL -.Utilizando o método de regressão logística por stepwise foi possível evidenciar como principais variáveis explicativas, entre as testadas, o tempo de prostituição e a presença de sífilis, com odds ratio de 4,27 (2,46-7,40) e 2,85 (1,72-4,74), respectivamente