Pesticidas e câncer de mama: um estudo caso-controle no Rio de Janeiro

RESUMO

O câncer de mama é uma importante causa de morbidade e mortalidade entre as mulheres no Brasil. Em anos recentes, alguns estudos têm procurado avaliar o possível papel etiológico dos pesticidas organoclorados no desenvolvimento desta neoplasia. Estas substâncias foram amplamente utilizadas na agricultura e no controle de vetores no país. Um estudo caso-controle foi conduzido no principal hospital de Câncer do Instituto Nacional de Câncer no Rio de Janeiro para investigar a relação entrepesticidas organoclorados e câncer de mama. Foram incluídos 180 casos incidentes, com diagnóstico confirmado por exame histopatológico, e 377controles recrutados entre mulheres que visitavampacientes internados no mesmo hospital. Além deinformações obtidas em entrevistas individuais, foram coletadas amostras de sangue dos casos e controles para investigação de resíduos depesticidas por cromatografia gasosa. Odiclorodifenildicloro etileno (DDE) foi detectado em amostras de 486 mulheres das 557 participantes e o hexacloro benzeno (HCB), em apenas 11 amostras do total examinado. Não se encontrou associação estatisticamente significante entre nível sanguíneo de DDE, ou história de exposição a pesticidas, e câncer de mama. A distribuição dos níveis sorológicos de DDE (ug/dl) foi semelhante entre os casos (mediana=0,31, média=0,52) e os controles (mediana=0,31 , média=0,48) (Kruskal-Wallis=0,06 , p=0,81). O Odds Ratio (OR) de câncer de mama ajustado por idade associado ao último quintil, tendo como referência o primeiro, foi 0,95 (IC 95% 0,50-1,82). Quando os dados foram ajustados por outras possíveis variáveis de confusão, os resultados pouco se alteraram (OR último quintil=0,87 , IC95% 0,43-1,76). No presente estudo, a exposição a pesticidas organoclorados não constituiu um fator de risco para câncer de mama.