Tumores malígnos primários da vesícula biliar: estudo de 40 casos

RESUMO

O autor analisa 40 pacientes portadores de tumores malignos primários da vesícula biliar, do Departamento de Cirurgia (Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho) da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no período de 15 de março de 1978 a 31 de dezembro de 1989, constituindo 1,9% em relação ao número de intervenções cirúrgicas sobre as vias biliares extra-hepáticas. As idades limítrofes foram de 34 a 88 anos, com uma idade média de 59,5 anos. Foram mais freqüentes no sexo feminino (39 casos - 97,5%), em brancas (31 casos-77,5%) em casadas 50,0%. O câncer da vesícula biliar e uma afecção rara e de comportamento biológico, evolução clínica e possibilidades terapêuticas pouco favoráveis. O tipo histológico mais encontrado foi o adenocarcinoma (37 casos-92,5%). Predominaram as lesões avançadas (estágio v) com 32 casos (80,0%). Os sinais e sintomas mais freqüentes foram dor abdominal (35 casos - 87,5%), perda de peso (31 casos-77,5%) e icterícia (21 casos - 52,5%). A duração dos sintomas oscilou de dez dias a 30 anos. O diagnóstico pré-operatório de câncer da vesícula biliar, foi feito em apenas quatro casos (10,0%), os quais não foram submetidos a tratamento cirúrgico. A ultra-sonografia do abdome foi realizada em 22 casos (55,0%), a qual fez suspeição ou diagnóstico de câncer da vesícula biliar em dez casos (45,5%). A tomografia computadorizada do abdome foi de real valia, sendo que, em dois, contraindicou o tratamento cirúrgico, pelo estágio avançado da doença. A afecção associada, predominante na maioria da nossa casuística, foi a colelitíase (28 casos - 70,0%). Os procedimentos cirúrgicos utilizados foram múltiplos e variados, em função do estágio evolutivo da doença. As complicações pós-operatórias imediatas, ocorreram em 44,4% dos pacientes e tardias em 23,3%. A sobrevida dos pacientes variou de seis dias a três anos, sete meses e 22 dias,cuja sobrevida média foi significativamente baixa (5,5 meses) e a de cinco anos nula. A sobrevida global de um ano, segundo o método de KALAN & MEIER foi de 15,0%

ABSTRACT

The author analyzes 40 patients bearing primary malignant tumor of the gall’bladder, in the Surgery Department (“Serviço de Cirurgia Geral - Hospital Universitario Clementino Fraga Filho”) of the “Universidade Federal do Rio de Janeiro” Medical School, from March 15th, 1978, to December 31st, 1989, consisting of 1,9% of the number of surgical interventions on the extrahepatic biliary ducts. The ages ranged from 34 to 88 years old, with an average of 59,5 years old. They were more frequent in females (39 cases - 97.5%), white (31 cases-77, 5%) and married (50,0%). The gall’bladder cancer is a rare affection having an unfavorable biological behavior, clinical course and therapeutic possibilities. The most frequently found histological pattern was adenocarcinoma (37 cases - 92, 5%). Advanced lesions (stage V) were predominant (32 cases - 80.0%). The most frequently signs and symptoms were abdominal pain (35 cases - 87.5%), weight loss (31 cases-77, 5%) and jaundice (21 cases - 52.5%). Symptoms lasted from ten days to 30 years. Preoperative diagnosis of gall’bladder cancer was done in only four cases (10.0%), who were not subjected to surgical treatment. The abdominal ultrasonography was carried out in 22 cases (55.0%), with a suspicion or diagnosis of gall’bladder cancer in ten cases (45.5%). The abdominal computerized tomography was of real value and, in two cases, it counterindicated surgical treatment, due to the disease advanced stage. The predominant accompanying affection in our study was cholelithiasis (28 cases - 70.0%). The used surgical procedures were many and varied, according to the disease progress. Immediate post-operative complications occurred in 44.4% of patients and late ones in 23.3%. The patients survival ranged from six days to three years, seven months and 22 days, the average survival being significantly low (5.5 months) and the five year survival null. The one year global survival, according to KALAN & MEIER method, was 15.0%