Mecanismos Moleculares Envolvidos na Progressão e Recidiva do Câncer de Endométrio / [Molecular Mechanisms Involved in Endometrial Cancer Progression and Relapse]

RESUMO

O câncer de endométrio é responsável por mais de 90% dos casos de câncer de corpo de útero. É considerada a quinta neoplasia maligna mais incidente entre mulheres no mundo, sendo estimados 319.605 novos casos e 76.155 óbitos para o ano de 2012 (IARC). A maior ocorrência é observada nos países desenvolvidos, mas a doença vem progredindo em alguns países em desenvolvimento. No Brasil, é observado um crescente aumento com 5.900 novos casos estimados para 2014. O tipo histológico mais frequente é o adenocarcinoma, sendo o tipo endometrioide (Tipo I) o mais comum. A sobrevida na doença localizada, na localmente avançada e na metastática é de 96%, 66% e 24%, respectivamente. Entretanto, uma parcela das pacientes com critérios clínico-patológicos debom prognóstico pode evoluir com recidiva e apresentar resposta limitada ao tratamento. Por isto, a identificação e compreensão das características clínico-patológicas e da biologia molecular do câncer de endométrio são fundamentais para o entendimento da evolução da doença. Já foram descritas algumas alterações moleculares características dos subtipos de adenocarcinoma, porém ainda não está bem estabelecida associação destes marcadores ao risco de progressão e recidiva. Assim, o objetivo principal deste estudo foi identificar tanto fatores clínico-patológicos quanto alterações moleculares que possam predizer um pior prognóstico das pacientes com câncer de endométrio. Para tal, inicialmente foram analisadas as frequências descritivas, a sobrevida livre de doença (SLD) e a sobrevida global (SG) de 1.132 pacientes com o diagnóstico de “adenocarcinoma de endométrio”, matriculadas e tratadas no período de 2000 a 2011. A idade mediana foi de 63,7 anos. Os tumores Tipo I, de baixo grau e diagnosticados nos estádios precoces foram os mais frequentes. Recidiva e óbito ocorreram mais nos tumores Tipo II (p<0,001 cada)...

ABSTRACT

Endometrial cancer accounts for over 90% of corpus uteri cancer. It is the fifth malignancy among women, with 319,605 new cases and 76,155 related deaths worldwide in 2012 (IARC). Most cases occur in developed countries, but its incidence is increasing in developing countries as well. Incidence rates in Brazil are raising and 5,900 new cases are expected for 2014. Adenocarcinomas are the most common histologic type and endometrioid adenocarcinomas (Type I) are diagnosed more often. Overall survival in disease confined in the uterus, in locally advanced disease and in metastatic disease is 96%, 66% and 24%, respectively. However, a group of patients whom present clinicopathological characteristics of good prognosis can develop recurrence with poor response to treatment. For this reason it is essential to improve knowledge about clinicopathological features and molecular biology of endometrial cancer. Some molecular aberrations on specific histologic subtypes have already been reported, but its association with risk of progression and relapse has not been determined yet. Therefore, the main purpose of this study was the evaluation of possible associations of clinicopatological variables, as well as molecular alterations that can predict a worse prognosis for endometrial cancer patients. For this, firstly, clinical and pathological frequencies, disease-free survival (DFS) and overall survival (OS) were studied in a population of 1,132 patients who were diagnosed on “endometrial adenocarcinoma” and underwent surgical treatment from 2000 to 2011. Median age was 63.7 years-old. Type I, low grade and early stage tumors were more frequent. Relapse and death occurred more often in Type II tumors (p<0,001 each). Staging and lymphovascular invasion emerged as independent prognostic factors for recurrence when DFS was assessed by multivariate analysis in all groups, and staging was considered an independent prognostic factor for death when OS was evaluated...