Prevalência de interações medicamentosas potenciais em indivíduos hipertensos acompanhados na estratégia de saúde da família / Prevalence of potential drug-drug interactions in hypertensive individuals followed in Family Health Strategy, Brazil

RESUMO

Introdução: interações medicamentosas potenciais (IMP) podem ocasionar efeitos sinérgicos ou antagônicos, decorrentes da coadministração de fármacos. Entre os fatores associados, destacam-se sexo, idade avançada e polifarmácia, definida como o uso concomitante de cinco ou mais fármacos. Objetivo: estimar a prevalência de IMP envolvendo fármacos utilizados por indivíduos com hipertensão arterial sistêmica (HAS), acompanhados na atenção primária, em São Francisco do Conde, Bahia. Métodos: estudo transversal, cujos participantes tinham idade igual ou superior a 18 anos e diagnóstico de HAS. As variáveis estudadas foram sexo, idade e fármacos prescritos. A produção de dados ocorreu entre novembro/2013 a outubro/2014. As IMP foram classificadas de acordo com início de ação, mecanismo farmacológico, gravidade e documentação na literatura científica, utilizando o banco de dados do software Micromedex® Healthcare Series 2.0. Os dados foram analisados no software Stata® 12.0. Resultados: participaram do estudo 356 indivíduos, com idade média de 57 anos (desvio padrão: 14,2), sendo 75% do sexo feminino. A prevalência de IMP foi 53,4%. Foram prescritos, em média, 3,4 fármacos/indivíduo. A prevalência de polifarmácia foi 29,5%. A idade associou-se significativamente com polifarmácia (42,1% nos idosos; p<0,001) e com ocorrência de IMP (64,5% nos idosos; p<0,001). Do total de 581 IMP, predominaram as decorrentes da associação captopril-hidroclorotiazida (7,6%). Prevaleceram, ainda, IMP com início de ação não especificado (40,6%), mecanismo farmacodinâmico (62,0%), gravidade moderada (85,0%) e com boa documentação na literatura científica (57,8%). Conclusão: considerando a elevada prevalência de polifarmácia e IMP envolvendo anti-hipertensivos, particularmente entre os idosos, recomenda-se que o tratamento com esses fármacos seja cuidadosamente monitorado pela equipe de saúde.(AU)

ABSTRACT

Introduction: Potential drug-drug interactions (DDI) can lead to synergistic or antagonistic effects, caused by co-administration of drugs. Gender, aging and polypharmacy (concurrent use of five or more drugs) are among the associated factors. Objective: To estimate the prevalence of DDI occurred in hypertensive individuals followed in primary health care in São Francisco do Conde, Bahia, Brazil. Methods: Cross-sectional study with individuals aged ≥ 18 years old, diagnosed with systemic hypertension. Study variables were sex, age and prescribed drugs. Data production occurred in the period from Nov 2013 to Oct 2014. We identified and classified the DDI according to their onset, mechanism of action, severity and documentation, using Micromedex® Healthcare Series 2.0 software. Data were processed and analysed with Stata® 12.0 software. Results: We included 356 individuals with mean age of 57 years (standard deviation equal to 14.2), 75% were female. The prevalence of DDI was 53.4%. On average, it was prescribed 3.4 drugs/individual. The prevalence of polypharmacy was 29.5%. There was a statistically significant association between polypharmacy and age (42.1% among the elderly; p<0.001) and between DDI and age (64.5% among the elderly; p <0.001). In the total amount of 581 DDI, captopril-hydrochlorothiazide (7.6%) was the most common. According to classification criteria, the most prevalent DDI showed not specified onset (40.6%), pharmacodynamics mechanism of action (62.0%), moderate severity (85.0%) and had good documentation (57.8%). Conclusion: Due to the higher prevalence of polypharmacy and DDI involving antihypertensive drugs, particularly among elderly, pharmacological treatment with these drugs should be carefully monitored by the health team.