Miocardite crônica chagásica: a reaçäo antiidiotípica como um mecanismo patogênico auto-imune

RESUMO

Foi feito um estudo com a finalidade de detectar a presença de reaçäo antiidiotípica a idiótipos anti-T. cruzi em pacientes com miocardite crônica chagásica, avaliando näo somente a funçäo reguladora mas também o potencial patogênico como mecanismo de auto-imunidade. A avaliaçäo foi feita objetivando a reatividade humoral e também a reatividade celular. Através da técnica de formaçäo de complexos foram pesquisados nos soros de pacientes com miocardite crónica chagásica, comprovada histologicamente a presença de anticorpos antiidiotípicos reativos com anticorpos idiotípicos anti-T. cruzi. Foram formados complexos, expressos em termos de índice de razäo molar da ordem de 36,6 por cento nos indivíduos cardiopatas enquanto que os soros de indivíduos controles normais formaram complexos com o mesmo idiotipo com índice de 14,1 por cento correspondendo a um valor 2,6 vezes menor. Os soros dos pacientes com miocardite crônica reagiram também com idiótipos näo relacionados ao T. cruzi mas os complexos formados foram em valores quantitativos 5 vezes menores. Empregando a técnica de inibiçäo de formaçäo de complexos verificou-se que sarcolema de músculo cardiaco humano é capaz de inibir a reaçäo antiidiotípica anti-T. cruzi em níveis médios de 78,1 por cento sugerindo que esta reaçäo que, em termos genéricos é de natureza auto-imune tem potencial de gerar a doença auto-imune. A prevalência dos anticorpos antiidiotípicos a idiotipo anti-T. cruzi foi pesquisada através da técnica de ELISA e os pacientes com miocardite crônica chagásica apresentaram a prevalência de 87 por cento enquanto os indivíduos assintomáticos e os controles com sorologia negativa tiveram a prevalência de 32,6 e 4,8 por cento respectivamente. Verificou-se que a maioria dos anticorpos antiidiotípicos presentes no soro esté sob a forma de imunocomplexos. De acordo com os tests feitos, pode-se observar que os pacientes com miocardite apresentam anticorpos antiidiotípicos de reatividade particular e de reatividade pública. A avaliaçäo a nível celular, através de teste de transformaçäo linfoblástica, mostrou que tanto os pacientes com miocardite crônica quanto os indivíduos assintomáticos com sorologia positiva apresentaram reatividade aos mitógenos compatível com a normalidade, näo sendo detectadas assim alteraçöes nas populaçöes dos linfócitos T e B. A reatividade celular a antígenos comuns como PPD, candidina, vaccínia e histoplasmina ocorreu nos pacientes cardiopatas numa prevalência de 42 por cento, bem próxima da dos indivíduos normais sque foi de 60 por cento...